Mariana BeckerDivulgação

Rio - Criada por pais viajantes, Mariana Becker, de 50 anos, roda o mundo cobrindo outra paixão: automobilismo. Mas nenhum Grande Prêmio da Fórmula 1 é tão especial para a jornalista quanto o deste domingo, que acontece em território brasileiro, na cidade de São Paulo, com transmissão ao vivo pela Band, a partir das 13h30. 
“Cobrir no Brasil é outra história, é a minha casa. É a mesma coisa de quando você recebe gente na sua casa, você pode oferecer o que há de melhor. É engraçado que outros repórteres me dizem 'obrigado por me receber’, pedem dicas e tal. Adoro o GP de Interlagos", diz a jornalista. 
Mariana revela que assistia a Fórmula 1 com o seu pai durante a infância "como quase todo brasileiro de gerações anteriores porque a gente tinha campeões". "Na verdade, eu via um monte de esportes com meu pai, mas o que sempre gostei de cobrir foram esportes radicais porque os praticava... Aí, me chamaram para cobrir o ‘Rally dos Sertões’ e decidi inovar: colocar uma câmera dentro do carro. Assim, me dei conta do que era automobilismo, do que é correr risco em alta velocidade e me fascinei”, lembra ela.
“Em 2008, a Globo resolveu investir na ideia de ter uma mulher cobrindo a Fórmula 1. Eles sabiam que eu falava línguas, gostava de viajar e gostava de automobilismo. Nem terminaram de fazer a proposta e eu falei: 'claro que eu quero'. Passei a cobrir metade dos Grandes Prêmios até que mudei para a Band e, agora, pelo primeiro ano, cubro todos", completa Mariana, que celebra ter mais tempo no ar na nova emissora.
"Quanto mais detalhes você mostra de bastidores e mais entrevistas você faz com pilotos, quanto mais você humaniza e se aproxima das pessoas, mais os telespectadores gostam. Eles passam a entender e a se identificar com o esporte. Para mim, é uma oportunidade incrível ter esse tempo todo para falar", conta ela, animada.
Representatividade feminina
Primeira mulher a cobrir Fórmula 1 na TV brasileira, Mariana recorda que não se falava sobre representatividade feminina no passado. Mas hoje reflete sobre a importância do tema e das portas que se abriram a partir da sua vivência.
“Quando comecei, nem tinha me dado conta da importância porque não se falava sobre representatividade, não era valorizado. Só ao longo do tempo que fui me dando conta. O fato de ser mulher causava desconfiança em um mercado acostumado com caras dando as noticias. Depois, a partir das redes, as meninas começaram a me dizer que se sentiam representadas pelo fato de ter uma mulher repórter e ver uma mulher que entende do assunto que elas gostavam. Muita mulher começou a ver depois que comecei a noticiar a Fórmula 1”, conta ela, que ainda relembra o acidente do Felipe Massa, em 2009, como cobertura mais difícil.
“Todo acidente é difícil. Somos repórteres, somos seres humanos. A primeira coisa que faço é ver se a cabeça do piloto está mexendo. Quando o capacete não mexe, meu coração acelera. Quando vi que a cabeça do Felipe não mexia, eu falei pra mim mesma: ‘não acredito que eu vou ter que cobrir uma coisa dessa’, achei que ele tivesse morrido. A mulher dele estava com o nenê na barriga, eu tinha que fazer uma apuração muito cuidadosa porque cada palavra tem um peso muito grande. Cuidado para não perder a emoção, nem para exagerar demais”, revela.
"Guria Boa, Essa"
Por falar em representatividade, Mariana leva o tema também para as suas redes sociais com o quadro "Guria Boa, Essa", no qual exalta e entrevista mulheres do esporte e de outras áreas. “Sinto a necessidade de falar de outras coisas que não só meu trabalho. E esse assunto sempre me instigou. As primeiras matérias que fiz, na vida, foram sobre mulheres que me surpreendiam e me inspiravam. E é utilidade pública. É de extrema importância que as pessoas saibam e conheçam mulheres admiráveis que fizeram e fazem a história da humanidade… Estamos onde chegamos por conquistas não só feitas por homens, mas por mulheres também. É importante que se saiba, se valorize e se respeite”, diz.
Nas redes, também apresenta o quadro "Lado M", no qual compartilha detalhes de sua vida, como a paixão por viajar. "Meus pais sempre me estimularam a explorar o mundo sem medo. Nem sempre dá tempo de explorar, mas dou um jeitinho de conversar com as pessoas, comer as comidas locais, pegar dicas de música", conta.
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