Alcione e KarinahGuto Costa

Rio - Para a cantora Karinah, de 40 anos, a música tem o poder de emocionar, alegrar e encorajar. Não é à toa que ela lançou recentemente a faixa "Tô de Partida", em parceria com Alcione, que fala sobre a superação de um relacionamento abusivo. "É fundamental falarmos sobre empoderamento feminino. Além de dar espaço às mulheres na sociedade, encorajamos outras a serem o que quiserem, a terem autoestima e a repassarem esse apoio a outras", pensa.
"Essa canção traz uma reflexão: eu me livrei de um relacionamento abusivo, basta! Agora eu sou prioridade. Acredito que a música é capaz de mudar nossa frequência, nos faz refletir sobre nosso comportamento, sobre o que sentimos quando ouvimos uma canção e ela precisa chegar no coração das pessoas como forma de mensagem e libertação. Penso que essa canção tem o poder de encorajar mulheres a se colocarem como prioridade e desenvolverem o amor próprio, se afastando de tudo o que não é positivo", afirma.
Considerada a "Rainha do Pagode", ela celebra a parceria com Alcione. "A Marrom é de casa, assim como eu me sinto da família Nazareth também. A parceria é de tempos, mas a cumplicidade veio durante a pandemia. Já cantamos juntas algumas vezes e sou, inclusive, madrinha de um projeto que ela fundou ao lado do Chiquinho da Mangueira, o Programa Social da Mangueira. ‘Tô de Partida’ é uma música que traz uma mensagem muito importante, então, tinha de ser cantada por duas mulheres fortes e determinadas. Foi um presente tê-la comigo", diz.
Mulheres no pagode
O pagode ainda é um gênero musical dominado por homens, apesar de cada vez mais mulheres, como Ludmilla e Marvvila, estarem conquistando seu espaço. Para Karinah, é uma luta diária, pois ainda vivemos em uma realidade patriarcal, onde os homens cantam e as mulheres aplaudem.
"É preciso refletir, remanejar, buscar forças e agir de forma muito inteligente para conseguir vencer todos os obstáculos impostos e encorajar outras mulheres a lutarem por seus sonhos. E, claro, não podemos esquecer de seguir a cartilha de todas as artistas que fizeram história no samba e no pagode, que é baseada em força, entrega e na verdade. E digo uma coisa: se tem verdade, dá certo", diz ela, que revela suas referências musicais.
"Eu ouço de tudo desde criança. Posso citar Clara Nunes, Carlinhos Brown, Tim Maia, Jorge Aragão, Fundo de Quintal, Sorriso Maroto. Adoro ouvir Stevie Wonder, Tony Bennett, Sade, Gloria Groove, Roberto Carlos… são muitos. Poderia ficar horas aqui falando e, com toda certeza, não vou conseguir citar todos. Eu amo música", conta Karinah.
União feminina
Karinah adianta que seu próximo projeto tem o objetivo de fortalecer as mulheres no pagode e desconstruir o discurso de rivalidade feminina. No total, terá a participação de 27 mulheres. Sem revelar muitos detalhes, ela antecipa que é um presente para as pessoas que são apaixonadas por música brasileira. 
"O objetivo é mostrar como a cumplicidade e a união feminina são importantes, e que a ideia de competição, criada pela sociedade machista, está ultrapassada. Esse projeto desconstrói o discurso da rivalidade feminina. Ele traz a união de cantoras maravilhosas, musicistas talentosas e todas com o mesmo objetivo: cantar, levar alegria para as pessoas, mostrar seu talento... É um trabalho que tenho muito amor e carinho de apresentar. E, olha, pretendo dar continuidade porque nosso Brasil é uma fábrica de estrelas e tem muitas mulheres talentosas que o mundo precisa conhecer", conta ela, entusiasmada.
"Vai ser um projeto muito potente, que celebra a força e a união das mulheres. É isso. Sem spoilers. Aguardem só mais um pouquinho", finaliza ela, aos risos, sobre a novidade que chega às plataformas ainda em março.