Clarice (Taís Araujo) Sergio Zalis / TV Globo

Rio - Taís Araújo está de volta às novelas das 19h da TV Globo com "Cara e Coragem", da autora Claudia Souto. A atriz de 43 anos está feliz da vida por retornar à faixa, que lhe é tão querida. "O horário das 19h é um horário que eu tenho o maior carinho. Sou muito feliz fazendo novela das 19h. Tive experiências muito lindas", revela a artista, relembrando "Da Cor do Pecado" e "Cheias de Charme". 
Logo no início da trama, Taís teve o desafio de viver duas personagens: a empresária Clarice e a massoterapeuta Anita. Apesar de Clarice morrer nos primeiros capítulos, o mistério sobre a morte da empresária segue permeando o folhetim. A artista comemora o fato de viver duas mulheres que representam tantas outras em nossa sociedade.
"A Anita é mais popular, flerta mais com a comédia. A Clarice é mais misteriosa, uma mulher à frente de uma empresa... Essa novela fala de muitas coisas contemporâneas. Ela não é só uma novela das 19h, ela é cheia de recados e referências dessa mudança de mundo que a Claudia (Souto) vai apresentando pelas personagens e pela trama. Você vai vendo que ela vai pontuando de uma maneira bem inteligente. É uma novela para todos os gostos. As duas personagens atendem a muitas mulheres".
Olhar feminino
Além do texto de Claudia Souto, "Cara e Coragem" tem direção de Natalia Grimberg, o que traz para a trama um olhar feminino. "Essa é uma novela que tem duas mulheres no comando. Eu tenho 25 anos de TV Globo e é muito bom ver uma autora que não se coloca no lugar de Deus, apesar de brincar de Deus por vários capítulos", afirma Taís Araújo.
Isso se reflete em vários aspectos, entre eles a caracterização das personagens. E por "Cara e Coragem" ser uma obra aberta, foi possível conversar com a autora para a inclusão de questões importantes na trama, como o cabelo de Clarice e Anita, duas mulheres negras, de origens diferentes, mas que se assemelham em alguns aspectos.
"A sociedade mudou muito sua maneira de encarar a moda, né? Antes os estilistas ditavam e aí a população ia copiando. Agora é o contrário. A moda sai da rua para os grandes estilistas, as grandes maisons e tal. A moda da rua é muito potente e a Anita usa essa moda da rua, uma mistura de estilos. Ela é bem jovial. Já a Clarice é bem clássica", comenta. 
"A caracterização determina muito o caminho que eu vou seguir, ela é muito importante. O figurino é muito importante para mim na composição. Com essas duas (Anita e Clarice), era muito importante pra mim demonstrar duas mulheres diferentes", completa a atriz. 
Foi em uma conversa com Claudia Souto, inclusive, que elas decidiram apostar no uso de "laces", que são acessórios extremamente realistas que simulam o couro cabeludo, para ambas.
"São duas personagens que usam laces. O cabelo da Clarice não é o cabelo que sai da cabeça dela. Da Anita também. Isso é uma coisa que a gente foi construindo juntas. Só que (a lace de) uma custa uma fortuna e a outra é muito mais barata. Mas isso acontece muito com nós mulheres negras. A gente usa as mesmas coisas, a gente tem as mesmas referências. É muito bonito isso porque por mais que sejam de origens diferentes, tem alguns lugares de encontro. A gente (ela e Claudia Souto) procurou nessas mulheres de origens tão diferentes, lugares de encontro. A questão do cabelo é muito importante para nós mulheres negras", explica Taís, que é só elogios para Claudia Souto e Natália Grimberg. Tanto autora quanto diretora tentaram adequar a trama às vivências de Taís. 
"A Claudia é uma mulher que está vivendo o seu tempo plenamente, que é um tempo de reconstrução, de entendimento de um novo mundo. Em 25 anos de TV Globo, por mais diálogo que eu tivesse, e eu tenho diálogo com muitas pessoas na emissora... mas nesse nível de falar: 'essa não é a minha vivência, a minha realidade'... e a pessoa responder: 'então, beleza, estou aprendendo e colocando na história', de fato, é a primeira vez. Eu acho que isso é sim um grande passo na dramaturgia, na nossa história e acho que isso é possível porque são duas mulheres no comando", finaliza.