Rio - Segundo dados do Ministério da Saúde, em 2018 o Brasil registrou 32 mil casos de abuso sexual contra crianças e adolescentes. Este é o maior número desde 2011, ano em que a notificação de casos de abuso infantil atendidos em unidades de saúde passou a ser obrigatória. O assunto é triste, mas o crime hediondo ganha força quando tem o silêncio como aliado, por isso, precisamos falar. Esta semana recebi no meu Instagram (@gardeniacavalcanti) a autora Andrea Viviana Taubman, que escreveu o livro 'Não Me Toca, Seu Boboca!', uma ferramenta importante para ajudar os pais a lidar com o assunto de forma lúdica.
No livro, a personagem Ritoca tem uma história para contar, "meio difícil de entender, muito difícil de falar". O encontro com um tio gentil e sorridente acaba se tornando um pesadelo, do qual Ritoca e seus amigos, felizmente, conseguem escapar. Com uma linguagem apropriada, a obra mostra a todas as crianças o que é a situação de violência sexual e o que fazer para evitá-la. Uma forma de oferecer segurança e informação às crianças sem perder o encantamento próprio da literatura.
O Maio Laranja é conhecido como o mês de combate ao abuso e exploração sexual de crianças e adolescentes. Porque falar sobre o assunto é tão importante?
Pesquisas mostram que crianças que têm algum contato com a informação sobre abuso sexual, ficam seis vezes menos vulnerável do que as que tiveram alguma informação. Uma criança abusada sexualmente tem sua vida futura toda comprometida, o final feliz é super legal, mas eu quero início feliz. Então é preciso escolher. Vamos escolher não falar e deixar nossas crianças seis vezes mais vulneráveis ou vamos usar os instrumentos possíveis para tornar essa conversa menos desagradável? É aí que entra o livro 'Não Me Toca Seu Boboca!'.
Como o abusador constrói essa relação?
Primeiro oferecendo tudo o que a criança gosta, se interessando pelo universo dela. Por isso é importante que os pais se interessem pelo universo das crianças.
Quais são as características de uma criança que está sendo abusada?
É preciso ter muito cuidado quando falamos sobre isso, o ideal é sempre procurar uma ajuda profissional. Mas alguns sinais devem acender um alerta: mudança abrupta de comportamento, crianças muito serelepes que de repente ficam muito quietas, ou vice-versa; terror noturno, crianças que começam a gritar de madrugada, com pesadelos; crianças que começam a apresentar repertórios sexualizados, querendo beijar na boca toda hora, por exemplo.
Com a quarentena, escolas e creches estão fechadas. Sabemos que a escola também é um canal de comunicação para denunciar casos de abuso sexual.
Mais de 70% dos casos de abuso sexual é praticado por pessoas próximas ou muito próximas da criança. Durante a pandemia, formou-se um coletivo chamado 'Ninguém Mexe Comigo', no Instagram (@ninguem.mexe.comigo), campanha musical para combater o abuso sexual de crianças e adolescentes no Brasil.