A atriz Zezé Motta - Divulgação
A atriz Zezé MottaDivulgação
Por Gardênia Cavalcanti

Rio - Nosso mulherão da semana é a atriz Zezé Motta. Ela tem mais de 50 anos de carreira e também é um ícone da cultura brasileira. Uma figura respeitada na música, na televisão e no cinema, Zezé é incansável. Cantora, atriz, mãe de seis filhos e ativista. Na carreira são 14 discos, 36 novelas e mais de 50 filmes. Ela também foi pré-indicada ao Nobel. De mil mulheres a quem o prêmio resolveu prestar homenagem, 33 foram do Brasil, e Zezé estava entre elas. Aonde ela vai parar, ninguém sabe. Um orgulho bater um papo com esta grande mulher e falar também de outro ícone feminino, a escritora Clarice Lispector. Considerada uma das maiores escritoras do Brasil, ela foi romancista, contista, cronista, tradutora e jornalista. Se estivesse viva, faria 100 anos em 2020. Zezé, além de admiradora da escritora, vive há quase uma década no apartamento onde morou Clarice por muitos anos, no Leme, na Zona Sul do Rio.

Como é morar na mesma casa em que a Clarice morou?

Quando conheci o apartamento, eu não sabia que ela já tinha morado aqui. Descobri só depois. Lógico que quando o corretor me falou quem havia morado ali, eu pensei na hora, é esse o apartamento! Quando pessoas conhecidas chegam aqui em casa, vão ao meu quarto e falam: "Nossa, era aqui que a Clarice dormia?". Costumo dizer: "Não, essa cama sempre foi minha" (risos). Depois de 40 anos em Ipanema, eu agora estou há oito anos no Leme. Estou adorando. Foi na suíte que eu durmo que teve o incêndio, nos anos 1960, que fez com que a Clarice fosse hospitalizada. Até pessoas que eu não conheço me pedem para ver a casa. Uma vez, um chileno me parou na rua e me abraçou. Eu tomei um susto! Ele tremendo, chorando, falou que precisava conhecer a minha casa, porque me adorava e adorava Clarice. E como dizer não, né? Mas como levar um estranho para casa? Aí, lembrei que tinha alguém lá em casa e deixei ele subir.

Como está sendo esse período da pandemia para você?

Olha, já passei por todas as fases nessa pandemia, creio que todos nós, não é mesmo? Foram várias fases durante a quarentena: teve a do tédio, a de uma "quase depressão", a da angústia e a da reação. O momento mais preocupante foi após a morte da minha mãe de 95 anos. Meu irmão ficou internado por mais de 30 dias com covid. Imagine... Foi uma barra, mas passou, graças a Deus! Estou com tanto trabalho, a demanda diária aumentou muito, é vídeo pra isso, entrevista pra aquilo, gravação disso, daquilo, muita demanda mesmo. Tenho também o meu trabalho como diretora de comunicação da Socinpro, uma organização que luta pelo direito autoral no Brasil e no exterior, de diversos artistas. Além disso, sou vice-presidente do Retiro dos Artistas. Trabalho nessa causa é o que não falta (risos). Voltei a fazer análise e pela manhã tenho feito ginástica. Durante a pandemia, tenho feito algumas lives também, fiz uma com a atriz Maria Fernanda Cândido para falar sobre o Centenário da Clarice. E já fiz dois shows também (em formato live) durante a pandemia. Um contrato pelo Sesc, onde cantei o show que faço em homenagem a Elizeth Cardoso. E o outro no Dia da Mulher Negra, encomendado por três marcas. Não posso reclamar da vida. Quando dá, tenho tentado aproveitar o tempo para resgatar o meu lado compositora. Poucos sabem, mas Cauby Peixoto chegou a gravar uma das minhas letras, que se chama 'Ousadia'.

Como é ser um ícone para mulheres de todas as idades?

Vejo com naturalidade ser uma referência principalmente para jovens negros e negras. A gente está aqui nesse mundo para se unir. Assim como algumas pessoas me ajudaram, acredito ser importante fazer algo pelos outros. Não ser generoso com o próximo que é antinatural para mim. Não faço mais do que meu dever em dar minha contribuição para virar esse jogo.

Qual recado você deixaria para nós, mulheres?

Resistência, resiliência e perseverança. Desanimar, jamais!

 

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