Durante a pandemia você está fazendo sucesso com as lives. Como está sendo esse período?
Eu completei cinco meses fazendo lives. Fiquei assustada com essa pandemia, preocupada, mas preciso estar inteira para minha família, não quero que essa energia ruim entre na mim. As lives foram uma fuga para toda essa coisa ruim que estamos vivendo. Comecei fazendo uma live para a minha mãe e quando percebi estava fazendo com mais frequência. Criei um canal de comunicação com as pessoas, surgiu um fã-clube e são pessoas maravilhosas que me dão um carinho diário. É um canal de ajuda, de ajuda mútua, de troca de energia com as pessoas. A minha live preferida foi a que fiz só com temas de novelas, com minha amiga Mariana Ximenes e tive uma surpresa quando o Murilo Benício entrou na live. Um momento incrível.
Você inspira muitas mulheres. Como é ser esse furacão chamado Teresa Cristina?
Não sei se sou isso tudo. Mas gosto da ideia de que o meu perfil seja espelho para outras mulheres. Suburbanas, negras, mulheres com pensamento crítico. A gente tem que ter muito cuidado com nossa sobrevivência, com nosso corpo. Muitas mulheres também me inspiram e é bom saber que eu posso influenciar outras mulheres também. Quando começou a pandemia tivemos um aumento na violência doméstica, feminicídios. Muitas dessas mulheres não passavam todo esse tempo com o companheiro e o contato forçado aumentou essa violência. O feminicídio é muito grande nas mulheres negras. Acho importante que o meu perfil seja divulgado e que outras mulheres com o meu perfil também possam olhar e perceber “eu também posso fazer isso”, “eu também posso me reinventar”. Fico feliz quando vejo mulheres fora do lugar que as pessoas acham que a gente deveria estar.
Você já foi capa da revista Vogue três vezes, você é um fenômeno. O que ainda falta conquistar?
Falta muita coisa. Eu gostaria de conseguir um patrocínio para meu trabalho. Consegui o meu primeiro patrocínio agora por conta das lives. Não é fácil. Eu sei que o estilo de música que escolhi cantar não é um estilo que enriquece as pessoas, mas o meu sonho não é ser rica, é pagar minhas contas, comprar uma casa para minha mãe. Com o isolamento, os meus sonhos mudaram um pouco e passaram a ser mais coletivos. Eu tenho um sonho que, na minha religião, que é a umbanda, as pessoas parem de sofrer com a intolerância religiosa. As pessoas falam de Jesus de um jeito... Mas o exemplo que ele deixou foi tão perfeito. O discurso é tão simples “amai-vos uns aos outros”.
Deixe um recado para todas as mulheres?
Quero dizer para todas as mulheres que esse tempo de rivalidade acabou. Mulher não é inimiga de mulher, o nosso inimigo é outro e ele é um só. Elogie uma mulher sempre que puder. Nós precisamos estar muito unidas, isso é uma questão de saúde, de sobrevivência, de conquistas. Eu gosto muito de elogiar mulheres, de todos os tipos, mulheres cis (cisgênero), trans... Pois quando uma mulher é prejudicada, não pense que aquilo não pode acontecer com você.