Congelamento de tecido ovariano preserva a fertilidade em mulheres com câncer  - Karina Zambrana
Congelamento de tecido ovariano preserva a fertilidade em mulheres com câncer Karina Zambrana
Por O Dia
A fertilidade de pacientes que serão submetidas a tratamentos oncológicos tem novas perspectivas com os avanços das técnicas de congelamento ou criopreservação do tecido ovariano. As drogas quimioterápicas, a cirurgia e a radioterapia podem causar lesões nos ovários e provocam a perda da função ovariana. Então, no mês dedicado ao combate ao câncer de mama - o Outubro Rosa, esse debate se torna ainda mais importante.

Segundo o ginecologista e membro da Sociedade Brasileira de Reprodução Assistida (SBRA) Carlos Gilberto Almodin, muitas mulheres têm recorrido ao congelamento do tecido ovariano antes de começar o tratamento para o câncer. “Graças à técnica é possível conservar a fertilidade e a condição hormonal nessas mulheres através da preservação e o posterior implante do tecido ovariano criopreservado. O tecido ovariano jovem carrega uma quantidade de oócitos (células ovarianas) muito grande, mas uma indução da ovulação conseguiria reservar apenas pequena parte para as pacientes. Por esse motivo, quando um fragmento do ovário é congelado antes da quimioterapia, é possível obter um aumento da reserva de folículos e do número de possíveis oócitos a serem utilizados pela paciente no futuro”, explica ele.

Sobre a técnica – O congelamento do tecido ovariano é um processo rápido, que se inicia com a indicação e avaliação, por parte do médico assistente em reprodução assistida, de sua viabilidade, a realização de exames para avaliação da condição de saúde geral e reprodutiva da paciente, além da coleta do tecido por cirurgia minimamente invasiva. “Em seguida, nós realizamos a criopreservação do tecido por tempo indeterminado (geralmente até o fim do tratamento oncológico) e, por último, iniciamos o planejamento de implante do tecido germinativo de volta ao ovário ou em tecidos próximos ao útero da paciente”, detalha o ginecologista.

Os principais benefícios e avanços dessa técnica serão abordados durante a programação da 24ª edição do Congresso Brasileiro de Reprodução Assistida (CBRA 2020), que acontece virtualmente, de 1º a 3 de outubro. Para palestrar sobre o assunto, foi convidado o professor de Obstetrícia e Ginecologia e Ciências Reprodutivas na Escola de Medicina da Universidade de Yale, Kutluk Oktay, primeiro especialista a realizar o procedimento no mundo.