Cantora que tinha 26 anos estava no auge da carreira. Marília deixa um filho de 2 anosReprodução/Redes Sociais

Olá, meninas!

Hoje, eu quero falar com vocês sobre o luto. Na semana passada, perdemos uma das maiores estrelas da música brasileira e isso afetou todos nós. Marília Mendonça era uma cantora que contava histórias através de suas músicas e era fácil a gente se identificar com elas. A partida de Marília, tão repentina, aos 26 anos, fez a gente perceber como a vida é um sopro e que a dor de uma perda pode chegar quando menos esperamos.

Por isso, vim falar com vocês a respeito do luto. Como lidar com as perdas inesperadas de pessoas queridas? Falar sobre a morte é sempre um tabu. É difícil pensar e admitir que podemos perder alguém que a gente ama e admira a qualquer momento. A psicanalista Andréa Ladislau acredita que a consciência sobre a morte só chega quando sentimos a dor da perda. "A verdade é que não estamos nunca preparados. No entanto, a grande questão está relacionada a como devemos passar pelo processo de elaboração do luto, seja ele coletivo ou não. Apesar da dor, a consciência da morte de alguém querido é saudável e uma oportunidade para rever e mudar sua vida, encontrando formas de melhorar no que for preciso a cada dia".

A psicanalista explica que as perdas súbitas e inesperadas podem trazer cicatrizes emocionais e até mesmo físicas: tristeza profunda, dores no peito, sensações de afogamento e até a momentos de depressão profunda. São reações que podem surgir se a pessoa não explorar todas as etapas do luto. "Estudos demonstram que os estágios precisam ser vividos para que a aceitação, última etapa do luto, venha coroar a necessidade real de seguir a vida. De continuar trilhando seu caminho, mesmo com a memória do outro que se foi. É preciso desta maneira, compreender a morte como um remédio amargo, do qual estamos todos sujeitos a tomar um dia. É inevitável".

A psicanalista também destaca que nesse processo do luto, que não é fácil, é preciso também respeitar a forma como cada pessoa vai reagir. É preciso ter empatia e evitar julgamentos. Afinal, cada um irá reagir e viver seu momento da forma como aprendeu e como consegue.

Não podemos esquecer que estamos em meio a uma pandemia que tirou a vida de milhares de brasileiros. Pessoas precisaram seguir a vida diante da perda de seus familiares para uma doença tão terrível. Muitos, perderam dois, três ou até mais membros da mesma família. Andrea Ladislau acredita que é o momento de falar sobre este tabu. "Morrer é inevitável, mas viver bem é uma arte diária que temos o privilégio de saborear. Portanto, viva hoje amando, dizendo o quanto ama, demonstrando afeto, favorecendo seus desejos, buscando leveza para seus dias e sua alma, se afastando de tudo o que lhe traz sensações desagradáveis e lhe tira a paz. Isso sim está na sua mão. Está sob seu controle. Basta desenvolver o autoconhecimento, reconhecer suas forças, fraquezas, elevar sua autoestima e compreender o quão importante você é para si e para muitos. Valorize sua vida e sua história que é única".
Sobre a Marília menina, mãe, irmã, ídolo, mulher, guerreira e representante de tantas mulheres que se identificaram com as letras, a vida, a força, vamos lembrá-la cantando. Enquanto poeta, Marília é imortal.