Debate mais que urgente: pesquisa mostra que uma a cada quatro mulheres brasileiras sofreu algum tipo de abuso
Cerca de 17 milhões de mulheres sofreram alguma forma de violência. Pessoas do sexo feminino são as que mais temem se deslocar dentro das cidades, apontam os dados - Reprodução de internet
Cerca de 17 milhões de mulheres sofreram alguma forma de violência. Pessoas do sexo feminino são as que mais temem se deslocar dentro das cidades, apontam os dadosReprodução de internet
Hoje, a minha conversa é com vocês e gostaria de provocar uma reflexão sobre como o assunto da violência contra a mulher é uma luta de todos nós. Eu fiquei assustada em saber que uma em cada quatro mulheres brasileiras sofreram alguma forma de violência. Segundo o Instituto Patrícia Galvão e o Fórum Brasileiro de Segurança Pública, são 17 milhões de mulheres que foram desrespeitadas, violadas, pelo simples fato de serem do gênero feminino.
Quantas de vocês, mulheres, já foram apalpadas ao passar no meio de uma multidão? Quantas já foram assediadas dentro de um transporte, com a desculpa de que está cheio demais? E vocês, rapazes, quantos de vocês já presenciaram uma cena dessa? Eu não acho justo dizer "mas e se fosse sua filha, sua irmã?" porque não é esse o tipo de empatia que quero provocar em vocês. É importante, rapazes, vocês entenderem pessoalmente esse desrespeito. Entenderem como é se sentir violado, ter o corpo tocado por uma pessoa que você não conhece e sem ter dado permissão para isso.
A diretora-executiva do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, Samira Bueno, explica que as pessoas do gênero feminino são as que mais temem se deslocar dentro das cidades. "A pesquisa mostra que o momento de risco para a mulher é quando ela está dentro de casa, é quando ela está no transporte público ou quando ela está no ambiente de trabalho. O assédio acontece na balada, mas não é o principal lugar de violência. Isso diz muito sobre a nossa cultura, sobre o machismo, a misoginia, sobre o racismo que são parte desse cálculo cultural do nosso dia-a-dia".
Já uma pesquisa do Instituto Patrícia Galvão mostrou que a sensação de insegurança não é a mesma para os diferentes grupos sociais: mulheres, pessoas com deficiência, pessoas negras, pessoas de baixa renda e população LGBTQIA+ se sentem menos seguras. A representante do instituto, Jacira Melo, afirma que a violência nos deslocamentos das mulheres nas cidades é maior do que para os homens. "Esse dado é importante, pois tem a ver com o direito de ir e vir das mulheres, tem a ver com a possibilidade de trabalho, com a possibilidade de andar com segurança na cidade. Dentre as violências, elas têm medo de sofrer racismo, agressões físicas, sofrer estupro, importunação ou assédio sexual".
Esses dados foram passados em um webinar feito pelo movimento Me Too Brasil, uma campanha educativa de combate ao assédio que ganhou as redes sociais. Marina Ganzarolli, presidente do Me Too Brasil, disse que os dados mostram a urgente necessidade de políticas públicas, de ações da sociedade civil organizada, de empresas e ações comunitárias e individuais para a prevenção, além da realização de estudos e pesquisas.
"As mulheres são as principais vítimas, mas a Me Too Brasil é a primeira organização brasileira que trabalha com o acolhimento de crianças e adolescentes, mulheres e homens, meninos e meninas. O nosso objetivo, nosso escopo, é o enfrentamento da violência sexual. Ponto. Não importa se é na infância ou na vida adulta, se é acometida contra mulheres ou contra homens. Hoje só temos a possibilidade de acolher voluntárias mulheres, mas a gente acolhe todas as vítimas, homens e mulheres".
Bom, meninas e rapazes, ficou claro que precisamos trazer esse debate para o nosso dia a dia. Falem sobre isso com seus entes queridos e amigos. Conscientizem seus filhos, seus colegas de trabalho que reproduzem esse comportamento, seus pais. Ajudem a encerrar o ciclo da violência para que ela não chegue até você ou até quem você ama.
BELEZA DA ALMA
“Aprender a amar a si mesmo é como aprender a andar: essencial, transformador e a única maneira de se manter em pé" - Vironika Tugaleva
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