Neste ano, a estudante de Arquitetura Gabriela Cardinot, de 22 anos, adquiriu livros somente nos sebos - Reprodução Facebook
Neste ano, a estudante de Arquitetura Gabriela Cardinot, de 22 anos, adquiriu livros somente nos sebosReprodução Facebook
Por RENAN SCHUINDT

Rio - Os brasileiros estão mais cautelosos na hora de comprar algo novo. Por isso, investir em produtos de segunda mão tem se mostrado uma boa alternativa para pessoas que precisam economizar. No Rio, os sebos continuam sendo uma ótima saída para quem não se importa com o cheirinho de novo dos livros. No Letra Viva, um dos mais conhecidos da cidade, o movimento cresceu 30% em relação ao ano passado. Uma pesquisa da Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) em parceria com o SPC Brasil coloca os livros entre os principais itens usados procurados nos últimos 12 meses, com 54% das compras. Automóveis e motos aparecem em segundo lugar, com 43% da procura.

Neste ano, a universitária Gabriela Cardinot, de 22 anos, só comprou livros em sebos. Segundo a jovem, os altos preços a fizeram se afastar das prateleiras das grandes redes. "Me interesso por clássicos, aqueles que são leitura obrigatória. Nas livrarias mais tradicionais, eles são muito mais caros. Já nos sebos, além de ser barato, ainda há possibilidade de fazer trocas por outros livros", diz a futura arquiteta.

Livrarias fechadas

O crescimento da venda de livros usados pode ser ainda maior, já que muitas livrarias precisaram fechar as portas. No último mês, a Livraria Cultura anunciou o encerramento de suas atividades no Rio de Janeiro. Apenas uma loja, no Centro, vinha funcionando nos últimos meses. A crise foi tão grande que levou a empresa a entrar com pedido de recuperação judicial. O momento também não é bom para a rede Saraiva. O grupo fechou 20 lojas em todo o país recentemente.

Carros usados em segundo lugar

Em segundo lugar no ranking de usados mais procurados, os automóveis também encontram um cenário favorável. De acordo com a empresa B3, que opera a base de dados das restrições financeiras de veículos usados como garantia em operações de crédito, o número de contratos de financiamento chegou a 505 mil no país em agosto. De acordo com o levantamento, os veículos mais procurados têm entre quatro e oito anos de uso, com 155 mil unidades vendidas, o equivalente a 30% do total.

Diogo Martins, de 29 anos, optou pelo financiamento para comprar o primeiro veículo. "Esta era a única forma de comprar o carro. Minhas condições não permitem ter um zero quilômetro ou pagar à vista. O usado é uma boa opção para quem está em busca de economia", diz o analista de sistemas. 

O próximo passo

Em meio ao momento desfavorável para as livrarias no país, um outro movimento pode ditar o futuro desse segmento. Há seis anos, a Amazon, gigante americana do varejo, desembarcou no Brasil. A empresa é uma das que mais apostam no comércio eletrônico. Sua forma de atuação tem trazido mudanças para o mercado global. Principalmente de livros.

Na época, empresários do setor chegaram a pedir ajuda do governo federal para que as atividades da Amazon fossem limitadas no país. A alegação seria o alto risco que a entrada da marca representaria para o mercado nacional. Chegou-se a levantar a possibilidade de que os livros fossem comercializados por um preço único, o que na teoria, impediria que a multinacional operasse com valores abaixo do praticado por seus concorrentes. Segundo estimativas do mercado, a Amazon investiu cerca de R$ 97 milhões na filial brasileira, sediada em São Paulo.

 

Você pode gostar
Comentários