Síndrome Burnout passa a ser considerada uma doença do trabalho Pixabay

Rio - Em janeiro deste ano, a Organização Mundial da Saúde (OMS) passou a classificar a Síndrome Burnout como uma doença de trabalho. A medida provoca mudanças, pois faz com que as organizações se atentem para a importância do tema e incluam isso em seus debates internos.

Para a CEO e fundadora da Newa Consultoria, empresa especializada na capacitação de líderes e colaboradores que transforma as organizações por meio da Diversidade, Inclusão e Inovação, Carine Roos, a alteração é uma grande vítoria para os trabalhadores. "Muitos adoecem por causa do trabalho exaustivo. Agora as empresas precisam tomar conhecimento disso para além da superfície e tomar medidas efetivas, revendo os processos de trabalho e a segurança psicológica de seus times para que o burnout não se torne algo endêmico no ambiente corporativo que gerenciam”, aponta.
Já a advogada Aline Cogo Carvalho, do GBA Advogados Associados, ressalta que alteração afeta a rotina de empresas, tornando-se mais um fator de risco financeiro e jurídico, no qual é preciso ficar atento. “A reclassificação da Síndrome de Burnout exige que as empresas tomem medidas para prevenir o desgaste de seus colaboradores, garantindo programas preventivos", diz. 
Ainda de acordo com a advogada, na Justiça do Trabalho, a responsabilização da empresa será avaliada a partir de um laudo médico comprovando a Síndrome de Burnout, histórico do trabalhador e avaliação do ambiente laboral, inclusive relatos testemunhais. Serão buscadas comprovações de uma degradação emocional e fatores causadores da síndrome, como assédio moral, excessivas metas ou agressivas cobranças e competitividades.

Na visão da advogada, uma boa estratégia para lidar com a nova classificação do Burnout é realizar reuniões entre colaboradores e gestores, dando oportunidade para que aqueles que se sentem sobrecarregados possam expor a situação e solicitar medidas para a resolução do problema.
Outra possibilidade para aproximar coordenadores e suas equipes são os encontros fora do ambiente de trabalho, como o happy hour. "Reunir-se fora da empresa gera a oportunidade de conversas mais descontraídas, podendo ser consideradas terapêuticas para eliminar o estresse após um dia desgastante de trabalho", diz.
Problema mundial

A Síndrome de Burnout é um problema mundial e exige atenção, sendo muitas vezes difícil de perceber e trazendo consequência não somente para o indivíduo. Segundo a psicóloga do Vera Cruz Casa de Saúde, Roberta Von Zuben,a síndrome traz consequências para "a própria pessoa, seu trabalho e a sociedade”.

Para o indivíduo, explica Roberta, a síndrome representa uma fadiga constante e progressiva, imunodeficiência grande, resfriados e gripes constantes, problemas cardíacos e de pressão alta. Além disso, essa pessoa pode apresentar falta de concentração, alterações de memória, lentificação, sentimento de solidão, impaciência, impotência e outros. Essas características, conta a psicóloga, afetam também a vida social do indivíduo e até mesmo familiar. "Ele passa a ter um distanciamento socioafetivo, não tem mais aquele entrosamento familiar com seu cônjuge, com seus pais ou com seus filhos", destaca.

A síndrome traz ainda consequências para a pessoa no trabalho e, em razão disso, para a própria organização. "A doença impede que a pessoa consiga dar o melhor de si, gerando um desgaste muito grande que, por diversas vezes, leva ao desligamento da empresa”, exemplifica.
“Temos que começar a colocar os nossos recursos a favor da saúde mental, tomando decisões baseadas em evidências científicas. As empresas precisam alterar suas políticas e benefícios de recursos humanos, focando na saúde mental e dando apoio ao colaborador”, conclui.
Benefícios de uma jornada de trabalho controlada
Para o colaborador:
- Ter um controle maior do quanto está trabalhando;
- Fiscalizar suas horas extras e solicitar folga quando necessário;
- Respeito à carga horária e impedimento de excesso de trabalho;
- Gestão de tempo e tarefas;
- Qualidade de vida profissional e pessoal, já que ambas caminham juntas;
Para as empresas:

- Ajuda na otimização da folha de pagamento, tendo em vista que ele facilita a gestão das horas extras e das faltas;
- Evita que haja erros na hora da sua geração;
- Garante que as horas do colaborador sejam pagas corretamente, evitando dores de cabeça para a empresa e para os funcionários;
- Maior transparência na relação entre empresa e colaborador;
- Os RHs das empresas podem se focar em plano de carreira para os funcionários, uma vez que estão mais livres de burocracias, transformando pessoas em histórias;
- Garantia de direitos trabalhistas aos funcionários de forma organizada e automatizada;