Grupo no Facebook reúne milhares de mulheres em mobilização contra o presidenciável Jair Bolsonaro (PSL) - Reprodução/ Facebook
Grupo no Facebook reúne milhares de mulheres em mobilização contra o presidenciável Jair Bolsonaro (PSL)Reprodução/ Facebook
Por Beatriz Perez e Edda Ribeiro*

Rio - O grupo "Mulheres unidas contra Bolsonaro", que se posiciona contra o candidato do PSL à Presidência, disparou em número de filiadas no Facebook. Até o fechamento deste texto, nesta terça-feira, ele foi de 776.331 a 852.755 membros. Na madrugada desta quarta, bateu 1 milhão. 

O grupo foi criado no dia 30 de agosto, em Salvador, pela baiana Ludimilla Teixeira e é administrado por dez mulheres e 50 moderadoras. Agora, elas estão engajadas em uma força-tarefa para admitir quem quer entrar no grupo. "O número de solicitações não baixa de 10 mil", disse a professora Maíra Motta, de 40 anos, uma das administradoras. Para entrar é necessário ser mulher - cis ou trans - e ser contra a eleição de Jair Bolsonaro, que tem a citação do nome evitada no grupo para 'não contribuir com os algoritmos (do Facebook) que divulgam ainda mais o nome do candidato'. 

Elas explicam que o objetivo da criação do grupo foi unir as mulheres que são contra o avanço e fortalecimento do machismo, misoginia, racismo, homofobia e outros tipos de preconceitos. "Acreditamos que este cenário é uma grande oportunidade para nos reafirmarmos enquanto seres políticos e sujeitos de direito. Esta é uma grande oportunidade de união! De reconhecimento da nossa força!", explicou o grupo por meio de sua equipe de comunicação. 

A procura pelo grupo aumentou nos últimos dias. As administradoras precisaram se organizar em nichos de trabalho para moderar o grupo, admitir novas membras e atender solicitações da imprensa. "Há divisão de grupos para mediação de conflitos, advogadas e profissionais de Comunicação, por exemplo", diz a equipe, que ressalta que a atividade não é remunerada. As administradoras pediram à reportagem para que encaminhassem as perguntas por WhatsApp para garantir o aval do grupo nas respostas.

As administradoras criaram uma publicação para cada candidato para que possam debater suas propostas. "Pedimos para que não tenha agressão nesses posts". Elas se identificam como um grupo politizado, mas não partidário. Segundo Maíra Motta, há mulheres de diferentes espectros políticos no grupo: esquerda, centro e direita. "Não tratamos ninguém como protagonista, somos uma pluralidade de mulheres que possuem posicionamentos diversos. Somos um grupo de mulheres auto-reunido e auto-gestionado em torno de um objetivo comum que é não permitir a eleição de um candidato específico", explicou a equipe de Comunicação à reportagem. 

O deputado federal Jair Bolsonaro (PSL) cresceu quatro pontos percentuais em levantamento do Ibope divulgado nesta terça-feira, atingindo 26% das intenções de voto.

Para debater sobre os candidatos à Presidência, foram fixadas regras. É obrigatório manter o respeito e não é permitido publicar apenas o nome e o número do presidenciável: É necessário "comentar as propostas do seu candidato e debater EDUCADAMENTE com outras pessoas sobre as fake news e afins", diz uma publicação da fundadora do grupo. "O ideal seria que o debate ocorresse da seguinte forma: alguém comenta seu candidato e suas propostas, e as outras vão comentando o que pensam do candidato e afins", acrescenta.

Nesta terça, a criadora da página, Ludmilla Teixeira, anunciou no grupo que as administradoras estavam aumentando o pessoal para dar conta da demanda. "Não tá fácil aprovar 10 mil mulheres por minuto, ajudem mantendo a calma!!! Estamos aumentando a moderação e afinando o discurso, breve 1 milhão de "membras", não tá fácil não!!!", escreveu. 

Entre as regras também estão a proibição de discurso de ódio ou bullying e de enquetes sobre intenções de votos: "É proibido pela Lei Eleitoral e dá multa, portanto não correremos o risco!", justifica o texto.  

Dentro do grupo, as participantes sugerem ações e se organizam para fazer oposição à campanha de Bolsonaro. Mas a organização diz que não há nenhum evento oficial do grupo. "As mulheres estão muito empenhadas e animadas em poder se juntar com outras que têm o mesmo propósito. Não há nenhum evento oficial do grupo, mas conseguimos ver várias mobilizações de mulheres pelo Brasil", explicaram.

Ato já tem data marcada no Rio

No Rio, um grupo de mulheres está convocando ato para o próximo dia 29, data acordada no grupo do Facebook para acontecerem manifestações em todo o país contra Jair Bolsonaro. Mais de 6 mil mulheres já confirmaram ou demonstraram interesse. 

A designer Maria Rita Taunay, 44, disse que o evento é fundamental não só para conscientizar as mulheres, mas para mostrar que a organização é grande.

“Enquanto houver democracia, temos que nos expressar. O Bolsonaro era pra ser uma ideia ridícula, e infelizmente está muito próximo”, disse.

A estudante de Direito Vanessa Barros, 34, que está na organização do evento, disse que é preciso sair das redes sociais: “Precisamos estar nas ruas para mostrar nosso propósito. A presença de todos e todas é importante”, declarou.

Ela disse também que a adesão de homens no ato é válida, desde que não tire o protagonismo feminino. Para a estudante, as panfletagens de candidatos no dia não deve ser um problema, já que é algo comum nas manifestações de mulheres.

Matéria atualizada 12h desta quarta-feira (12).

*Colaborou a estagiária Edda Ribeiro, sob supervisão de Thiago Antunes

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