Previsão é que Mulheres Unidas Contra Bolsonaro (MUCB) volte ao modo original ainda hoje - Reprodução/ Facebook
Previsão é que Mulheres Unidas Contra Bolsonaro (MUCB) volte ao modo original ainda hojeReprodução/ Facebook
Por Beatriz Perez e Edda Ribeiro*

Rio - O grupo Mulheres Unidas Contra Bolsonaro voltou às mãos das administradoras no início da noite deste domingo, após sair do ar por duas vezes ao longo do dia: na madrugada e à tarde. Mas, por ora, o grupo está 'interditado', apenas quem já participava tem acesso. As responsáveis estão fazendo uma limpa, retirando publicações favoráveis ao presidenciável do PSL e 'perfis suspeitos', antes de reabrir o grupo, o que elas pretendem fazer até o fim do dia desta segunda-feira. Duas administradoras registraram boletins de ocorrência depois que tiveram contas pessoais invadidas. Uma delas ficou com a linha telefônica suspensa.

Uma integrante do Mulheres Unidas Contra Bolsonaro disse que as administradoras não querem ser identificadas. Elas estão sendo atacadas em suas contas no Facebook. São mensagens ofensivas e até ameaças de agressão física. No entanto, ela disse que o grupo ainda não acionou autoridades competentes para apurar os ataques.

Elas dizem que a prioridade é voltar a abrir o grupo para as demais membras. Pelo menos duas administradoras já registraram boletim de ocorrência na Polícia Civil. Uma delas teve o email hackeado e o perfil no Facebook derrubado, enquanto que a outra teve o email, o WhatsApp e a conta telefônica suspensa. Elas também desconfiam que possam estar com suas linhas grampeadas. A reportagem não conseguiu contato com a Polícia Civil.

A primeira vez que o Mulheres Unidas Contra Bolsonaro saiu do ar foi na madrugada deste domingo. O nome e a imagem de capa foram trocados em favor do candidato do PSL. O Facebook informou que removeu o grupo após detectar atividade suspeita. No início da tarde, o grupo foi devolvido às administradoras, mas voltou a sofrer ataque horas depois. Por volta das 15h30, voltou a ficar indisponível. 

Uma das integrantes informou ao DIA que a rede social refez o procedimento e devolveu o 'Mulheres Unidas Contra Bolsonaro' por volta das 18 horas deste domingo. No entanto, a moderação decidiu mantê-lo inacessível no modo 'secreto' enquanto realiza uma limpa para torná-lo 'fechado' até o fim do dia desta segunda-feira. Na modalidade de grupo fechado qualquer usuário pode encontrar o grupo e pedir para participar ou ser adicionado por um dos membros. 

Em nota, a assessoria do grupo reiterou: "Não fomos deletadas e seguiremos retornando, somos incansáveis. Não vão nos calar".

"Mulheres unidas contra Bolsonaro" disparou em número de filiadas no Facebook, chegando a 2,5 milhões de membras. O grupo foi criado no dia 30 de agosto, em Salvador. Para entrar é necessário ser mulher e ser contra a eleição de Jair Bolsonaro, que tem a citação do nome evitada no grupo para 'não contribuir com os algoritmos (do Facebook) que divulgam ainda mais o nome do candidato', nas palavras de uma porta-voz do grupo. O objetivo da criação do grupo foi unir as mulheres que são contra o avanço e fortalecimento do machismo, misoginia, racismo, homofobia e outros tipos de preconceitos.

Mobilização marcada

As mulheres já tinham grupos via WhatsApp formados desde semana passada para organização de um ato nacional contra o candidato. Até o fechamento da matéria, 42 manifestações já estavam marcadas em 20 estados. No Rio de Janeiro, há quase 95 mil adeptas no evento marcado para o dia 29, na Cinelândia. 

Eduardo Bolsonaro diz que grupo era falso

O candidato a deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL), filho do presidenciável, acusou o grupo de ser falso na tarde de sábado em sua conta no Facebook. Ele disse que a página já teria 1 milhão de seguidores "quando foi vendida para a esquerda". Na publicação, ele convida seguidoras a participarem da página 'MULHERES COM BOLSONARO #17 (OFICIAL)' que tem mais de 680 mil membros. Usuárias dizem que o candidato que está espalhando fake news (notícia falsa). Procurado, o Tribunal Superior Eleitoral informou que não havia sido provocado sobre o caso. A assessoria do PSL não respondeu à reportagem. 

*Estagiária sob a supervisão de Herculano Barreto Filho

Você pode gostar