São Paulo - A revista Veja que chega às bancas neste fim de semana traz na capa uma reportagem com acusações de Ana Cristina Siqueira Valle, ex-mulher de Jair Bolsonaro, contra o candidato à Presidência da República pelo PSL. A matéria teria sido feita com base no processo de separação, de meados de 2007, do deputado com sua então segunda esposa. De acordo com a publicação, na época, ela o acusou de furtar seu cofre em um banco do Centro do Rio, ocultar patrimônio, receber pagamentos não declarados, além de agir com "desmedida agressividade".
No processo ao qual a Veja diz ter tido acesso, Ana Cristina teria acusado Bolsonaro de ter furtado, em outubro de 2007, seu cofre na agência do Banco do Brasil que fica na Rua Senador Dantas, no Centro do Rio. A então mulher do deputado teria dito que ele levou todo o conteúdo do cofre: joias avaliadas em R$ 600 mil, 300 mil dólares em espécie e mais R$ 200 mil em dinheiro vivo. Hoje, esses valores somariam o equivalente a R$ 1,6 milhão.
No mesmo processo, segundo a revista, a Ana Cristina anexou uma relação de bens e uma declaração de um imposto de renda de Bolsonaro para contradizer a declaração de bens que ele entregou à Justiça Eleitoral quando foi candidato a deputado federal em 2006. Na época, o político afirmou que tinha um terreno, uma sala comercial, três carros e duas aplicações financeiras, que somavam R$ 433.934 mil. Entretanto, sua ex-mulher teria alegado que ele possuía também três casas, um apartamento, uma sala comercial e cinco lotes.
Renda de R$ 100 mil mensais
Sobre seus ganhos mensais, a Veja afirma que Ana Cristina disse que quando era casado com Bolsonaro, a renda mensal do deputado chegava a R$ 100 mil (cerca de R$ 183 mil em valores atuais). Sendo que, na época, oficialmente ele recebia R$ 26.700 mil reais como deputado e R$ 8.600 como militar da reserva, cerca de três vezes menos do relatado. Segundo a revista, a ex-mulher afirmou que Bolsonaro chegava à renda superior através de "outros proventos", não especificados por ela
Um quarto ponto levantado pela reportagem é o real motivo da separação entre Bolsonaro e Ana Cristina. A revista informa que no processo consultado, ela teria tido que o deputado tinha um "comportamento explosivo" e de "desmedida agressividade", o que a levou separar-se dele, oficialmente em 2008, depois de 10 anos casados.
O que dizem os citados
A Veja consultou Ana Cristina sobre os pontos do processo. À revista, ela negou as acusações. "Quando você está magoado, fala coisas que não deveria", disse. Sobre os "outros rendimentos" e a vida "afortunada" do candidato, ela teria dito que nem se lembra: "Eu falei isso?".
Sobre o comportamento "explosivo", que teria tornado a convivência entre ela e Bolsonaro "insuportável", Ana Cristina afirmou à reportagem que "Bolsonaro é "digno, carinhoso, honesto e provedor. Apesar de 'machão', ama os filhos incondicionalmente e trata suas mulheres como princesas".
A reportagem alega que consultou Bolsonaro, mas ele teria dito que não iria dar entrevistas.
Corregedoria instaura sindicância
O corregedor-geral de Justiça do Estado do Rio, Claudio de Mello Tavares, instaurou sindicância nesta sexta-feira para apurar o vazamento de processo relacionado à família do candidato do PSL à Presidência da República. O conteúdo do processo, segundo o órgão, tramita sobre segredo de Justiça.