Rio - O título mundial conquistado pelo Flamengo, em 1981, foi decisivo para o fanático Ciro Neves. Se tivesse um filho, ele faria homenagem ao ídolo Leandro, lateral-direito daquele time inesquecível. Mas, em 1982, nasceu Juliana. A mulher, Lygia, havia pensado até em fazer cirurgia para não ter mais herdeiros, uma vez que o casal já tinha Luciana, de 2 anos. Mas desistiu na última hora. Um ano e três meses depois, nascia Leandro Vissotto e finalmente o desejo do pai rubro-negro foi realizado.
O amor pelo Flamengo passou de pai para filho, mas Vissotto não conseguiu se tornar um craque dos gramados. Até tentou, mas pela altura e falta de jeito com a bola nos pés, só era chamado para jogar na zaga. Desistiu e foi praticar vôlei do Flamengo. O futebol perdeu um zagueiro sofrível e o vôlei brasileiro ganhou um craque na quadra.

Enquanto o pai de Vissotto vibrava com as jogadas do lateral Leandro, o ex-jogador do Flamengo e da Seleção se emocionava com o surgimento da geração de prata do vôlei, seu esporte preferido depois do futebol. Depois de 30 anos, finalmente os dois Leandros se encontraram, no Tijuca Tênis Clube, e sobrou emoção.
“Passei a vida ouvindo falar sobre você. Que honra te conhecer”, disse Vissotto, de 2,12m. “Honra tenho eu. Sinal de que fiz algo maneiro na vida. Emprestei meu nome a um super astro”, agradeceu o ex-lateral de 1,82m, que deu uma camisa do Flamengo e um DVD com lances de sua carreira ao novo amigo, e ganhou de presente uma camisa do RJX.
Leandro contou a Vissotto que não perde um jogo da Seleção e acompanha jogos da Liga Nacional. O oposto respondeu que torce pelo Flamengo pela TV e sempre que pode vai ao Maracanã. “Queria ter mais tempo para acompanhar o time. Meu pai não perde um jogo”.
No fim do encontro, Vissotto ligou para o pai e Ciro ficou emocionado ao falar com o ídolo. “Eu me emocionei quando ouvi a voz do Leandro. Quando o Flamengo foi campeão mundial, eu tinha muita admiração por ele e por sua postura dentro e fora de campo. Mereceu a homenagem que fiz”.
Carreira no vôlei começou na quadra do Flamengo
Não foi apenas como torcedor que Vissotto vestiu a camisa rubro-negra. O gigante de 2,12m — que nasceu em São Paulo, mas se mudou bem pequeno para o Rio — começou a jogar vôlei aos 12 anos nas categorias de base do Flamengo. Naquela época, ele já era o maior do time.
De lá pra cá, o oposto jogou na Unisul, no Suzano, no Minas, no Vôlei Futuro e percorreu o mundo, atuando no Latina, Taranto, Trentino e Cuneo, todos da Itália, e no Ural Ufa, da Rússia. Agora, está de volta ao vôlei carioca, ao ser repatriado pelo RJX nesta temporada.

Jogando pelo campeão da Superliga, Vissotto retorna às origens: o time treina e joga no ginásio do Tijuca, onde o oposto atuava nas partidas pelo Rubro-Negro quando menino.
Foi onde fez a sua estreia pelo RJX, diante do Maringá, no dia 14 de setembro, na primeira rodada da Superliga. A volta ao Rio aconteceu em grande estilo, já que Vissotto brilhou e foi eleito o melhor da partida.
Na memória, o incrível gol de Pet, no tri estadual
Na memória de Vissotto como torcedor, está bem vivo o tricampeonato estadual, conquistado sobre o Vasco, com um gol de Petkovic, aos 43 minutos do segundo tempo, em 2001. Mas o jogador, apaixonado pelo Rubro-Negro, reconhece que o clube passa por mudanças e diz que mesmo assim não abandona o time. Para ele, o técnico Jayme vai recolocar o time nos eixos.
“O Flamengo está passando por um momento de transição. Todo mundo fala que vai cair, mas estamos sempre lá, na Primeirona. Quem é flamenguista ama o time de qualquer jeito”, defende Vissotto.
Casado com Nathalia e pai de Catarina, de 3 anos, e Victoria, de um mês, Vissotto diz que a mulher, de Belo Horizonte, já virou rubro-negra e que as filhas têm roupinhas do Flamengo e seguirão o mesmo caminho.
“Eu fiz isso também com meus filhos e meus netos. É a maneira de perpetuar o Flamengo na família”, conta o ídolo Leandro.
Com o nome na Calçada da Fama do Flamengo desde 2012, Vissotto relembra o melhor momento como torcedor: “O tricampeonato com o gol do Pet. Foi inesquecível”.