Por rafael.arantes

São Paulo - Em cerimônia que contou com a presença do ministro do Esporte, Aldo Rebelo, foram anunciados nesta segunda-feira os 19 representantes do atletismo brasileiro que serão contemplados pelo Bolsa Pódio, programa criado pelo governo para auxiliar na preparação dos atletas do país para as Olimpíadas do Rio, em 2016. Estes atletas, e de outras modalidades, receberão valores mensais (entre R$ 5 mil e R$ 15 mil) para ajudar a bancar as despesas de preparação e de viagem que terão até os Jogos.

Mas na lista de indicados pela CBAt (Confederação Brasileira de Atletismo) ao Ministério do Esporte, não consta o nome da velocista Vanda Gomes. Para quem não se recorda, Vanda integrou a equipe brasileira na final do revezamento 4 x 100 m rasos no último Campeonato Mundial, disputado em Moscou (Rus), e foi justamente na última passagem que Vanda acabou deixando o bastão passado por Franciela Krasucki cair, causando a eliminação do quarteto. Após a prova, inconformada com o erro, Vanda - que não correu a semifinal, quando a equipe brasileira quebrou o recorde sul-americano dos 100 m, sendo substituída por Rosângela Santos - desabafou ao canal Sportv, que transmitiu as provas do Mundial que toda a preparação do time do revezamento havia sido deficitária e que as atletas tiveram problemas de hospedagem e alimentação.

Atletas vão receber bolsa de auxílioDivulgação

Na chegada ao Brasil, Vanda amenizou o tom das declarações. A CBAt, porém, não engoliu a retratação e entrou com uma retratação contra a atleta no STJD (Superior Tribunal de Justiça Desportiva) da entidade. O caso pode render uma suspensão à atleta. Na lista desta segunda-feira, estão presentes os nomes das demais integrantes do revezamento 4 x 100 m: Ana Cláudia Lemos, Evelyn dos Santos, Franciela Krasucki e Rosângela Santos.

A CBAt, contudo, negou que a ausência de Vanda tenha sido algum tipo de punição antecipada à atleta pelas pesadas críticas públicas que ela disparou após a final do revezamento. “Isso não tem nada a ver com o Bolsa Pódio. Após as declarações dela, a procuradoria da CBAt resolveu levar o caso para o STJD, que é um órgão independente. Ela será julgada naquela esfera por estas declarações”, disse José Antonio Martins Fernandes, presidente da confederação. Segundo ele, outros critérios pesaram na escolha do Bolsa Pódio, no caso do revezamento. “Foi considerado o resultado da equipe na semifinal do Mundial, quando correu a Rosângela no lugar da Vanda”, explicou o presidente da CBAt.

O treinador-chefe da seleção brasileira de atletismo, Ricardo D'Angelo, recomendou após o Mundial uma suspensão de seis meses para a atleta, por conta de suas declarações. Ainda não há uma previsão sobre quando ocorrerá o julgamento.

Mesmo as colegas de equipe de Vanda Gomes preferem se esquivar na hora de comentar o assunto. “Ah, faz tempo que eu não falo com ela, até porque treinamos por clubes diferentes”, afirmou Ana Cláudia Lemos, que prefere não entrar no mérito para julgar as razões que levaram a colega a soltar o verbo contra a CBAt. “Na hora que acontece uma coisa como aquilo, não tem muito o que falar. Eu tenho a consciência tranquila que fiz o melhor que eu pude. Mas prefiro não falar sobre isso”, desconversou a velocista.

Lista sob avaliação

Na relação dos 19 contemplados do atletismo no Bolsa Pódio, o Ministério do Esporte irá distribuir um total de R$ 185 mil mensais, totalizando R$ 2.220.000 por ano. Mas segundo o secretário de Alto Rendimento do Ministério, Ricardo Leyser, a lista pode ser revista ou mesmo ampliada. “Diante dos resultados e da posição destes atletas no ranking mundial, essa lista pode aumentar. Queremos incorporar novos atletas na medida do possível”, afirmou. A revisão da lista das modalidades será anual.

Reportagem: Marcelo Laguna

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