Rio - O futebol apaixona pelas surpresas e imprevistos e, como diz cautelosamente Jayme de Almeida, o Atlético-PR é um time traiçoeiro, que sabe usar a velocidade e merece respeito. Mas o Flamengo está hoje com praticamente 80% do caminho andado para o título.
E os deuses do futebol facilitam o seu caminho, ‘deuses’ que em boa parte foram criados pela competência e determinação do próprio time. O Fla conseguiu eliminar o grande campeão brasileiro, com a proeza de perder só de 2 a 1 no Mineirão graças a uma falha de Dedé e, depois, se classificou no Maracanã no último minuto aproveitando-se da covardia do Cruzeiro. Em seguida, massacrou o Botafogo em exibição memorável e, depois, não tomou conhecimento do Goiás, beneficiado pela ausência do seu craque Walter.

Agora, no primeiro jogo da final, sai um golaço, logo de quem? De Amaral. Dele se poderia esperar tudo menos um lance espetacular. Enfim, a perspectiva é toda do Flamengo e nem adianta lembrar que o Santo André ganhou aquela final no Maracanã depois de empatar em casa porque a história é outra e esse time não tem um pingo de soberba. É sério e faz da intensidade, da objetividade e da simplicidade as suas grandes armas.
SEM REFRESCO
O Atlético-PR de Vagner Mancini não teve colher de chá no seu alçapão. E não teve porque o Flamengo não permitiu e, ao contrário de outros visitantes, também atacou, marcou por pressão e não se deixou intimidar. Fez o que poucos fizeram por lá. Foi mais Flamengo do que nunca e conseguiu, no fim, até calar a torcida local. É um time que não vai entrar para a história, mas que encanta pela sua postura. De tal forma que nem todos precisam estar bem para que se imponha.
A DECISÃO
O Botafogo está dividido em relação à permanência de Oswaldo de Oliveira em 2014 e o próprio treinador parece só inclinado a ficar se tiver bom aumento e se o time for à Libertadores. Os que o apoiam e os que o contestam têm boas razões. Oswaldo ajudou a criar boa estrutura no futebol, mas errou em muitos dos seus critérios na hora de escalar e de substituir. Com ele ou sem ele, na próxima temporada o Botafogo precisa de uma melhor direção no futebol e de reforços no time.
A ZEBRA
Ninguém esperava por essa. Com esquema forte na defesa, velocidade e garra, a Ponte Preta, vice-lanterna do Brasileiro, sapecou 3 a 1 no São Paulo no Morumbi e, agora, está com tudo para decidir a Sul-Americana — a não ser que o São Paulo se imponha com sua tradição e a Ponte se apequene demais. O jogo revelou, mais uma vez, a má fase do São Paulo, apesar dos esforços de Muricy. A mediocridade do ataque, com Luis Fabiano fazendo beicinho no banco, põe tudo a perder.
JOVEM E BELA
O filme ‘Jovem e bela’, que estreia nesta sexta, foi a sensação no Festival do Rio e em Cannes, é irresistível pela originalidade e audácia da história de uma menina de classe média, família tranquila e sem problemas financeiros, mas que resolve se prostituir por um misto de curiosidade, prazer, ou mesmo sem razão definida. A atriz Marine Vacht (foto), de 21 anos, que se faz passar por adolescente de 17, é lindíssima, charmosa e vale a ida ao cinema. O diretor é o cultuado e talentoso François Ozon.
CURTINHAS
Se o Vasco de Pedro Ken conseguir a proeza de vencer o Cruzeiro amanhã terá razoáveis chances de escapar da degola. Mas não será fácil, embora não se espere dos mineiros dedicação total pela vitória. O próprio Dedé já deu o tom do ânimo e a torcida vascaína dará um imenso apoio.
Aliás, a situação de Dedé não é nada invejável. Se não jogar, poderá passar a Felipão a ideia de um certo amadorismo e fuga à responsabilidade profissional, logo ele que luta por uma das últimas vagas na seleção brasileira. E, se jogar, vai viver um drama pessoal sem direito a falhar.
E o Uruguai de Tabárez, hein? Oscila mais do que árvore em temporal. Começou mal nas Eliminatórias e precisou de reação heroica para ir à repescagem. Goleou a Jordânia em Amã, mas, na volta, em dia de festa no Centenário, empacou em medíocre 0 a 0. No Mundial, o que será?