Rússia - Isadora Williams é a caçula da delegação brasileira nas Olimpíadas de Inverno em Sochi. A jovem, que completa 18 anos neste sábado, será a primeira representante do país nos Jogos na patinação artística. Diante da pergunta “você se vê como uma adolescente normal?”, ela é direta: “Não”. Mas ela parece não se incomodar com isso e, apesar da pouca idade, já sabe qual a sua tática para controlar a ansiedade e se vê experiente para a competição na Rússia.
“Eu sinto muita pressão, mas o que quero é patinar e trabalhar. Eu treino muito, mas não todos os dias. Tenho o sábado livre e posso ver meus amigos. Acho que é tempo suficiente porque o que quero é patinar e trabalhar. Depois das Olimpíadas eu terei mais tempo”, resume a jovem, que mora e treina em Ashburn, nos Estados Unidos.
Por causa da mãe, Alexa Williams, a atleta também tem cidadania brasileira. Em 2009, ela enviou um vídeo para a CBDG (Confederação Brasileira de Desportes no Gelo) patinando e executando um salto duplo. O desempenho impressionou e, em pouco tempo, ela estava competindo usando as cores do Brasil e a patinação, a partir daí, virou coisa séria. “Mandei o vídeo em novembro 2009 e meu primeiro campeonato foi em fevereiro do outro ano. Foi muito rápido. E na competição eu fiquei muita nervosa e com medo”, lembra Isadora.
Agora, alguns anos no currículo, ela não vê problemas para encarar a estreia olímpica. “Estou muito feliz e orgulhosa por representar o Brasil e de lá para cá competi muito. Agora já tenho mais experiência”, avalia.
Em Sochi, Isadora irá apresentar um programa curto que foi criado em abril do ano passado. Das 30 concorrentes, 24 se classificam e apresentam o programa longo e o objetivo da patinadora é, pelo menos, chegar a essa etapa. E a adolescente diz participar de toda a criação das rotinas no gelo. “Eu amo participar de todo o processo da criação. Eu ajudei a fazer o vestido que uso desde o ano passado e que vou usar em Sochi”, afirma.
De acordo com Alexa, mãe de Isadora, ela é exigente. “Ela escolhe a cor do vestido, o modelo, tudo. Começa com o projeto no desenho, depois a gente vai para cartela de cores, tecido e cristtais. E a Isadora é quem dá a opinião final porque tem que ficar do jeito que ela quer. Ela veste, vê se está confortável, se tem como patinar, volta, aperta mais um pouco aqui ou ali. Demora um mês ou um mês e meio até ficar do jeito que ela quer”, explica a mãe.
É Alexa quem cuida do figurino com a ajuda de uma amiga da família. E na patinação, a roupa tem que estar bem relacionada com a música e os temas do programa e também é preciso estar atento a outros detalhes. “Os juízes olham tudo! Se for muito curto eles não gostam, se for muito transparente também”, alerta Alexa.
Já a maquiagem e o cabelo usados nas apresentações ficam por conta da adolescente, o que acaba também servindo como terapia. Vaidosa, Isadora Williams adora maquiagem até fora da patinação e conta: “Faço cabelo e maquiagem sozinha e isso me distrai e ajuda antes da competição. É um jeito de relaxar”.
Apesar de ter nascido e morar nos Estados Unidos, a patinadora se diz brasileira e seus ídolos. Ela veio ao país no ano passado para receber o prêmio Brasil Olímpico e conheceu um deles. “Admiro o Cesar Cielo porque ele também é brasileiro e treina aqui. Eu me sinto um pouco parecida com ele”, fala. Com a ajuda da mãe, ela tirou fotos com Cielo e outros nomes do esporte. “Nem deu tempo de falar muito com ele. Foi um ‘oi’ e um ‘obrigada’. Eu estava muito feliz, nem fiquei nervosa”, diz Isadora. “Foi uma foto roubada”, brinca a mãe da atleta (veja as imagens na galeria acima).
O prêmio não foi a primeira vez no Brasil. Isadora também conhece Fortaleza, Belo Horizonte e Rio de Janeiro, sua cidade favorita por aqui até agora. “Eu não gosto de frio e adorei o Rio porque pude ir para a praia, caminhar. Adoro praia! No fundo eu sou brasileira”, confessa.
Isadora Williams terá a companhia da família em Sochi e estreia nas Olimpíadas no dia 19 de fevereiro.
Matéria de Aretha Martins
