Por pedro.logato

Rio - O talento vem de berço. Filho do ex-pugilista Touro Moreno, Esquiva Falcão, de 24 anos, herdou do pai o talento para o boxe e a criatividade para batizar a cria — seu filho mais novo se chamaria Don Juan, mas uma derrota no cartório impediu a peripécia. A necessidade de dar uma vida melhor à família fez com que o maior nome brasileiro na nobre arte decidisse partir em busca de um sonho antigo: ser campeão mundial.

O primeiro desafio de Esquiva será sábado, na Califórnia, contra o americano Paul Harness. Começar com o pé direito é essencial. Bagagem para brilhar o medalhista de prata em Londres-2012, tem. Mas só o tempo dirá se seus sonhos se concretizarão.

Esquiva busca carreira profissionalAndré Mourão / Agência O Dia

A aposta em Esquiva, porém, é alta. Uma das maiores empresas promotoras de boxe do mundo venceu a concorrência frente a Golden Boy Promotion, que agencia o irmão, Yamaguchi Falcão, e fechou contrato de cinco anos com a fera. Em Las Vegas (EUA), preparando-se para sua estreia, ele confessa, no entanto, que foi difícil desistir dos Jogos do Rio, em 2016.

“Queria ser campeão olímpico no Brasil. Seria uma medalha que ficaria marcada na minha história. Mas eu tenho um sonho ainda maior, quero ganhar dinheiro, ajudar minha família e acredito que o torcedor vai lembrar de mim pelo que fiz”, decretou o pugilista. “Pode esperar que o Brasil vai ter outro campeão mundial. Além de Popó, Miguel de Oliveira e Éder Jofre, vai ter Esquiva Falcão”, destacou.

A adaptação à vida nova não será simples. Esquiva sabe que precisará se reinventar para cumprir o contrato de seis lutas no ano. Ambicioso, ele quer oito combates.

“No boxe amador a luta é rápida, em velocidade e tem três assaltos, de um minuto cada. Já o profissional é de força e precisão, com mais resistência. É preciso colocar os golpes no lugar certo e machucando o rival. São 12 rounds de três minutos para buscar o nocaute ou vencer por pontos. Pedreira”, analisou, bem-humorado, o homem que fala com os punhos.

Novos irmãos Klitschko?

Ao assinar com a Top Rank e dar seu primeiro passo rumo à profissionalização, Esquiva deixou claro que não planeja enfrentar o irmão Yamaguchi, que também lutará entre os médios (72,6 quilos). Para o capixaba, essa é uma questão moral e eles planejam dominar a divisão, a exemplo do que os ucranianos Klitschko fazem nos pesados.

“Há quatro associações no boxe, cada um pode ficar em duas e nunca nos encontraríamos. Posso comer por uma beirada e ele, outra. Seríamos como os irmãos Klitschko, comemorando em família”, frisou.

Mas enfrentar o irmão não seria novidade. Eles disputaram o mesmo Paulista de boxe, em 2007, e, por força de regulamento, ficaram frente a frente. “A gente não queria lutar, mas combinamos que seria um treino. Ele saiu com a vitória, por 3 a 2. Mas ninguém conta como luta”, lembrou.

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