Por bernardo.argento

Rio - Muito se fala nos velhinhos da International Board (IFAB, na sigla em inglês), que regulamenta as leis do futebol há 128 anos, ainda mais após polêmicas como a do último Vasco e Flamengo, quando a bola chutada por Douglas entrou no gol por 33 centímetros e o árbitro auxiliar Rodrigo Castanheira não viu. A centenária entidade não se recusa a alterar as regras quando alguns episódios pedem: em 2012, pressionada pelo não gol de Lampard contra a Alemanha, na Copa de 2010, ela finalmente autorizou o uso da eletrônica na linha fatal. Mas, na essência, preserva uma antiquada soberania: criadores do futebol, os britânicos são responsáveis por 50% do poder de decisão em um esporte de alcance mundial.

A confusão no jogo entre Vasco e Flamengo poderia ter sido evitada caso a bola tivesse um chipJoão Laet / Agência O Dia

Para que qualquer mudança na regra seja aprovada, é preciso seis dos oito votos (75%). Só que, até hoje, as federações de País de Gales, Irlanda do Norte, Inglaterra e Escócia detêm, cada, um voto, enquanto as demais 205 associações filiadas à Fifa (como o Brasil e demais campeões mundiais) ficam com os quatro votos restantes. Ou seja, se o mundo do futebol desejar, mas escoceses, galeses, ingleses e norte-irlandeses se recusarem, o futebol não muda.

Anualmente, a IFAB se reúne duas vezes por ano para avaliar mudanças no futebol mundial. Este ano, o segundo encontro será em março, na Suíça, sede da Fifa. Desde a fundação, em 1886, só 23 vezes houve alterações significativas nas regras do esporte. Em 1958, optou-se pela atual configuração de votos; porém, qualquer país pode enviar sugestões ao órgão, que submete os pedidos a comitês especializados, introduzidos recentemente.

“A IFAB acredita que o processo continua muito democrático, como desde o começo. O fato de que qualquer membro da Fifa pode fazer propostas ao comitê provou-se muito aceito e apreciado”, respondeu a assessoria de imprensa da Fifa.

MODERNIDADE É CARA

No Mundial deste ano será usado o mesmo sistema aplicado na Copa das Confederações, o GoalControl: 14 câmeras de alta velocidade de captura monitoram os gols e emitem sinais a um ‘relógio’ de pulso se a bola ultrapassar a linha. Ainda não está decidido se a Fifa deixará os equipamentos nos estádios brasileiros como legado após o Mundial. A modernidade é cara: R$ 600 mil para instalar o GoalControl nos estádios e mais R$ 9 mil por jogo

Reportagem em parceria com Lucas Calil 

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