Rio - E afinal o Brocador ficou, talvez, como personagem daquele filme que nunca existiu — ‘A volta dos que não foram’. Todo mundo está satisfeito: o torcedor, que continuará com o seu artilheiro e quase ídolo; o jogador, porque teve a sua condição melhorada e escapou de uma vida muito estranha na China; e o próprio Flamengo, que não desfalca o time e, quem sabe, livra-se de um calote um tanto comum por aqueles lados e já com várias vítimas no Brasil.
Além disso, pela valorização de Hernane, o que o Flamengo receberia (R$ 11,2 milhões) era muito pouco. Pelo menos no momento, tudo se resolveu da melhor forma possível, mas, como o futebol muda a cada 15 minutos, Hernane precisará manter a regularidade porque, como não é um jogador habilidoso, o gol será sempre a sua matéria-prima. De herói a vilão é um pulo, mas, pelo menos a princípio, valeu por evitar a perda de um atacante que estava até cotado para a Seleção. A manifestação da torcida no Maracanã, pedindo a sua permanência, foi emocionante e pode ter contribuído.
NOITE QUASE IDEAL
O futebol brasileiro teve uma quarta bem-sucedida, com três vitórias e um empate fora de casa na Libertadores. Isso sem considerar as ótimas exibições de Cruzeiro e Grêmio e uma única derrota — normal — do Atlético-PR em Buenos Aires. O Galo sofreu, mas ganhou, o Fla nem precisou brilhar para vencer e Jayme vai se convencer de que Gabriel tem um lugar no time. O Botafogo não perdeu, mesmo jogando mal, e a perspectiva é que a Libertadores pode ser brasileira de novo.
ELE É O CARA
Fred deu a impressão de que teria outra noite amarga em Macaé. Arrastou-se em campo em boa parte do jogo, perdeu gols, um deles incrível, e já estava se preparando para as críticas negativas e a desconfiança geral. No entanto, o golzinho no fim, um golaço com requintes de alta técnica, limpou a sua barra. Ele provou, mais uma vez que, mesmo em má fase ou sumido,pode resolver tudo em segundos com impressionante facilidade. Por essas e outras, Felipão fechou com ele.
COM ESFORÇO
A temperatura em Conselheiro Galvão estava muito alta, mas esse foi apenas um dos obstáculos para o Vasco, que demorou a dobrar o Madureira. O time nivelou-se ao adversário na mediocridade da fase inicial, mas, depois, com as mudanças de Adilson Batista, voltou com mais velocidade, principalmente pela presença de Montoya. Ainda sofreu no fim com o gol de pênalti do Madureira, mas liquidou o jogo na mesma moeda. Três pontos fundamentais para chegar ao G-4.
OS FAVORITOS
Enquanto as escolas estiverem desfilando, bons filmes serão premiados no Oscar. O favorito é o impactante ‘12 anos de escravidão’. Melhor atriz será barbada para Cate Blanchet, mas, apesar do excepcional trabalho de Leonardo di Caprio em ‘O lobo de Wall Street’, a vitória deverá ser de Matthew McConaughey por ‘Clube de compras Dallas’. Outra possível injustiça será não dar o prêmio de fotografia para ‘Nebraska”. Enquanto isso, não percam o ótimo ‘Robocop’ de José Padilha.
A DESPEDIDA DE UM DOCE VASCAÍNO
Todos os colegas do jornalismo esportivo sentiram muito a morte de Loureiro Neto (foto), embora já se soubesse, há meses, da gravidade do seu estado. Era uma boa alma, um vascaíno que tinha apenas algumas diferenças naturais com os rubro-negros. Ele manteve sólida e competente trajetória na Rádio Globo. Adorava samba de boa qualidade e era mesmo um português carioca. Deixou saudade.