Por pedro.logato

Rio - futebol proporcionou há poucos dias momentos extremos, um de beleza e solidariedade humana, dois outros de ódio e preconceito. Todos merecem ênfase. O momento sublime foi de Neymar, que, de forma espontânea, tirou o garoto sul-africano das mãos dos seguranças no gramado e o abraçou carinhosamente, seguido pelos companheiros de time. Houve quem pensasse em jogada de marketing, mas Neymar não precisa disso e a sua atitude foi de apoio e ajuda a um garoto que talvez lembrasse a sua própria infância. Já se sabia da simpatia e dos bons princípios de Neymar, mas, desta vez, ele se superou e viu o seu prestígio disparar. Que continue assim. Na outra ponta, o árbitro Márcio Chagas da Silva e Arouca foram vítimas de atitudes racistas, incluindo danos ao patrimônio. Mais uma prova de que os ovos da serpente continuam se reproduzindo e que Polícia e Justiça devem se unir para punições rápidas e exemplares. Pena que no Brasil esse processo seja cheio de obstáculos. Mas Neymar compensou tudo e ajudou a manter a fé na natureza humana.

Neymar fez boa ação fora de campoReuters

ISOLAMENTO

Que o técnico Eduardo Hungaro não se iluda. As suas possíveis qualidades e as esperanças de decolar na profissão podem ser destroçadas se o time naufragar cedo na Libertadores. Ele comprou a ideia equivocada de abandonar o Estadual, mas será responsabilizado pelos cartolas em caso de fracasso. Já dá para sentir no clube um certo mal-estar pelo momento constrangedor do time, mas ninguém assume nada e o próprio Hungaro já se perde em contradições e desculpas descabidas.

UM ESTRAGO

Em parte pelo calendário, em parte pela cegueira dos cartolas, teremos hoje mais um clássico reduzido a quase nada. O Flamengo ainda respeita sua torcida e, mesmo classificado, e quase campeão da Taça GB, lança alguns titulares. O Botafogo é uma pobreza só, aliviada pela estreia de Zeballos, esperança de ataque melhor em caso de passagem para o mata-mata da Libertadores. O Fla é favorito, mas, se o Botafogo repetir o empenho da partida com o Flu, poderá complicar.

VIOLÊNCIA E LIXO

Às vésperas da Copa, o noticiário internacional sobre o Brasil em geral e o Rio em particular não poderia ser pior. Os números de aumento nas taxas de crimes, a violência dos torcedores, os atos explícitos de racismo e até essa bizarra greve dos garis cariocas, tudo veio em hora inoportuna. Mistura-se reivindicação legítima com baderna e até armação política e falta autoridade (no melhor sentido). Teremos a Copa em belos estádios, mas o entorno é lamentável e o legado social, nulo.

SERIEDADE

Renato dá provas de seriedade e bom senso ao exigir esforço dos jogadores na partida de hoje em Volta Redonda porque ainda acredita nas chances de título na Taça GB e até para manter o pique. Só escala quatro titulares e, é claro, inclui Cavalieri porque o Botafogo é o único time do mundo que poupa goleiro sem necessidade, até tirando ritmo de jogo, fundamental para a posição. O Flu dificilmente vai superar o Fla na Taça GB, mas tem time para, em hipotética final, sair campeão.

O MUNDO ENCANTADO DO MINISTRO DOS ESPORTES

O ministro Aldo Rebelo está até certo ao dizer que Paris tem os seus perigos, mas a sua violência é esporádica e afirmar que aqui (média de 5 mil assassinatos/ano) é mais tranquilo soa como fantasia. Na Copa e Olimpíada, o esquemão especial vai garantir segurança e criar clima artificial. Seria tão bom que fosse sempre assim e que a gente pudesse andar tranquilo nas ruas como se anda na Europa.

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