Rio - É certo que o goleiro Ochoa foi a maior figura do jogo, com excelentes defesas, mas isso não desculpa a atuação apagada da Seleção, que só convenceu mesmo pela firmeza de seus dois zagueiros e de Luiz Gustavo. O Brasil safou-se também pela má pontaria dos mexicanos que, em lances agudos, não acertavam o gol de Julio Cesar. O primeiro tempo foi a pior fase porque a Seleção não mostrou a menor criatividade.
Sem jogadas pelas extremas, não encontrou espaços e, mais uma vez, isolou Fred. Oscar teve outra atuação pífia. Neymar tinha que dar nó em pingo d’água porque só lhe restavam jogadas individuais. Os mexicanos, com muita determinação, fizeram uma verdadeira muralha e tinham os habilidosos Giovani, Guardado e Herrera para sair nos contra-ataques. Ainda bem que Luiz Gustavo teve fôlego para fazer boas coberturas e o México não soube explorar os avanços de Daniel Alves e Marcelo. O jogo só melhorou na fase final, depois da entrada de Bernard e Jô, e principalmente pela boa participação de Marcelo. Mas, se Ochoa salvava por um lado, o Brasil corria perigo na defesa e poderia ter perdido. O 0 a 0 fez sentido e premiou o esforço dos mexicanos.
SEM DRAMA
Esse empate, embora frustrante, serve, a esta altura da Copa, como ótimo ponto de observação para Felipão e também de reflexão para o torcedor. É melhor esquecer o oba-oba e o já ganhou dos comerciais da TV. É uma Copa equilibrada, que o Brasil tem potencial para ganhar, mas que exigirá rendimento ao máximo e atuações superiores às duas primeiras.Essa fase de grupos é um sinal e em outras Copas, seleções que foram mal de saída acabaram campeãs. Sem pânico, mas com lucidez.
REFORMULAÇÃO
A Seleção mostra uma surpreendente bagunça tática sem nunca lembrar aquele time da Copa das Confederações. Mas há também fiascos individuais: Paulinho, fora de forma, merece ser barrado. Oscar teve uma recaída, Fred continua zerado e não há dúvida de que Ramires na vaga de Hulk foi um erro. Se tivesse começado com Willian, tudo correria melhor. O momento ruim fica como lição e há tempo para corrigir, mas, a partir das oitavas, precisaremos de mais organização.
OUTRA DECEPÇÃO
Mesmo vencendo, a Bélgica esteve muito abaixo daquela seleção que encantou nas Eliminatórias e acabou vencendo a Argélia no limite. No primeiro tempo, esbarrou no esquema defensivo dos africanos e mostrou-se apática. Só na fase final, com a mudança no plano tático e a entrada de Mertens, virou. Hazard começou a aparecer um pouco e o time safou-se com os três pontos, mas,ainda assim,deixou sérias dúvidas sobre as suas possibilidades nesse Mundial.
MAU HUMOR
Bastou um empate com o México para que FeLipão perdesse o seu bom humor e não aceitasse as argumentações dos jornalistas. Com uma ponta de teimosia e outra de soberba, passou a responder de forma monossilábica e óbvia — afirmou até que os jornalistas podem falar o que bem entender, mas que ele escala o time que quiser. E ainda garantiu que o time melhorou 10% em relação ao jogo com a Croácia. Esse filme todos conhecem e todos sabem como pode terminar.
JOGO-CHAVE PARA ESPANHA E CHILE
O Maracanã terá a sua segunda partida na Copa do Mundo e, antes de mais nada, espera-se que bares e banheiros funcionem de uma forma mais civilizada, com limpeza, água corrente e atendimento profissional. E que as pessoas com ingressos na mão não levem uma hora para entrar. No mais, a Espanha não pode tropeçar sob pena de proporcionar o maior mico da Copa. E o Chile terá chance de carimbar a classificação,quem sabe para enfrentar o Brasil nas oitavas.