Rio - Ninguém em juízo perfeito poderia imaginar, logo depois da Copa, que Dunga teria chances de voltar à Seleção. Ele até fez boa campanha no seu período mas perdeu-se inteiramente depois, isolou o grupo e , ao sair, afastou-se praticamente do mercado. A ideia de se fazer uma mudança radical, até com a experiência de um treinador estrangeiro, era atraente embora irreal exatamente porque Marin e Del Nero estão dando as cartas. Gilmar já descartou a possibilidade e, por enquanto, Tite e Muricy ainda estão no páreo.
No entanto, nos bastidores, há quem aposte em Dunga porque, além da velha amizade desde a Copa de 94, Gilmar teria, com ele, mais facilidade de influir, o que não aconteceria com nomes mais cascudos. Gilmar terá muito mais poder que Parreira tinha, Gallo também ganhou força e haveria assim uma espécie de triunvirato, o que reforça a possibilidade da vinda de Dunga. Se ela se confirmar, haverá, não uma estagnação, mas um retrocesso.
BOM SENSO
Em suas entrevistas, Cristóvão Borges tem sido um dos raros técnicos que se referem à Copa e às lições que se pode tirar com os alemães. É curioso como muitos dos seus colegas silenciam sobre o tema. Vamos ver se Cristóvão consegue imprimir um ritmo forte ao Flu e ajuda ter no elenco jogadores técnicos e dinâmicos como Conca, Jean, Sóbis e Walter. Neste domingo, contra o time bem armado mas muito jovem do Santos, será uma boa chance de esquecer o tropeço contra o Criciúma.
O DESAFIO
Se a lógica funcionar, o Flamengo voltará do Sul com mais uma derrota no currículo. Mas, como no futebol as coisas não são assim tão simples, é possível que, de onde menos se espera, venha uma luz qualquer. O Fla deverá jogar com muita cautela, no contra-ataque, e assumir sua inferioridade, sem se expor tanto como na quarta-feira. O ambiente interno não está bom e novo tropeço colocará em xeque a própria posição de Ney Franco. Ou ele começa a vencer ou dança.
OS BRINQUINHOS
Como o Brasil perdeu feio a Copa, de forma humilhante e escandalosa, até os brinquinhos e as tatuagens dos jogadores passaram a ser demonizados. A sobriedade e a aparência ‘clean’ dos alemães já são consideradas um modelo. Vamos com calma. É possível que os brasileiros tenham perdido tempo demais nos salões e o excesso de cuidados com a aparência atrapalhou a concentração. Mas, de um jeito ou de outro, o importante é o talento e a qualidade em campo. Só não pode exagerar.
LOUCURAS
O Botafogo já viveu crises profundas em sua trajetória, bem piores do que a atual, e sobreviveu. Mas essa é terrível e 2014 pode ainda reservar dramas inesperados como a queda para a Série B. Os dirigentes estão a tal ponto perdidos que até tentaram a volta de Loco Abreu (foto) que, com 38 anos, seria inútil e poderia manchar a sua bela história no clube. Ainda bem que não vingou. Agora só resta esperar 2015 com a volta do Engenhão e o ‘mecenas’ indicado por Montenegro.
MUITAS PERDAS PARA O FUTEBOL EM 2014
O jornalismo esportivo perdeu muitos nomes este ano e o futebol também anda sofrendo. Recentemente se foram Assis e Washington, Fernandão e alguns jogadores da seleção de ouro de 58. Essa semana, Armando Marques morreu e fica a lembrança de um revolucionário na arbitragem, cheio de excessos mas que trouxe uma certa autoridade e independência a uma função sem grande credibilidade. Participou com brilho de mesas redondas na antiga TV Manchete mas não obteve o mesmo êxito no Departamento de Árbitros da CBF onde se fechou em um casulo.