Rio - O principal responsável pela justa vitória do Flamengo estava fora de campo e precisou de apenas quatro dias para tomar providências simples e eficientes: voltou com os treinos na Gávea, uniu o grupo que não aceitava Ney Franco e, principalmente, simplificou a parte tática. Optou pelos jovens e se deu bem. Foi um 4-4-2 sem a menor sofisticação mas que serviu para derrotar um Botafogo neurótico, mal escalado e que entrou de baixo astral ao expor um cartaz citando salários atrasados. Os jogadores têm razão, mas é melhor tratar dentro de casa assuntos internos, ainda mais em dia de clássico.
O Flamengo, sem ser brilhante, foi sempre mais guerreiro e ofensivo e abriu o caminho com o bonito gol de Alecsandro. O Botafogo reagiu no segundo tempo, equilibrou, mas foi quase sempre um time lento, defensivo e travado com Carlos Alberto sem mobilidade e Sheik bem marcado. Os dois times, na verdade, são fracos e justificam as suas más colocações na tabela. Mas o Flamengo jogou com muita dedicação e a vitória foi lógica e natural. Não é time para cair e vai se recuperar.
Sem sustos
O Fluminense conseguiu categórica vitória sobre o Atlético-PR por 3 a 0 e para isso foi suficiente impor o maior talento de seus principais jogadores, como Jean, Cícero e Conca, e mostrar determinação. Embora esteja ainda bem abaixo do líder Cruzeiro, o Fluminense é, disparadamente, o melhor carioca. E ainda que seja incerta a briga pelo título, tem condições técnicas de sobra para obter uma vaga na Libertadores. Resta saber se Fred vai melhorar ou piorar essa mistura
Show de bola
Como se esperava, o Cruzeiro passeou no Mineirão e deu um chocolate no Figueirense. Será difícil parar a sua trajetória rumo ao bicampeonato. O campeão conseguiu algo raro no futebol brasileiro: manter comissão técnica e elenco e, ainda, melhorar um ou outro ponto menos forte. O setor de ligação entre o meio-campo e o ataque se destaca com Everton Ribeiro (foto) e Ricardo Goulart. Mas o time tem um belo conjunto sob o comando competente de Marcelo de Oliveira.
Sinal de perigo
Falar de sinal amarelo seria pouco e sinal vermelho talvez fosse exagero. Mas não há dúvida de que um sinal de alerta deve ser ligado em São Januário porque o Vasco oscila demais, não mantém padrão e alguns jogadores passam a impressão de imensa preguiça. A atuação de sábado foi mesmo um horror e deixou a torcida mortificada. A tabela ainda permite reação, mas, com esse futebol, não será possível. A oito pontos do líder, em décimo lugar, é melhor tomar providências.
Modelo e lição
O goleiro Taffarel, agora como auxiliar de Dunga, resolveu partir para um exercício de semântica ao cotejar o que é modelo e o que é lição. Na sua opinião, embora sem criar nada de novo, a Alemanha foi um exemplo de organização dentro e fora de campo. Por isso mereceu o título. Mas, curiosamente, ele acha que a Alemanha não pode dar lição ao futebol que já foi pentacampeão do mundo. Por que não? Não deixou de ser mais uma pequena demonstração de soberba.
Estádios vazios perdem a alma do futebol
Os clubes que cometem infrações através de seus dirigentes, jogadores e torcedores deveriam, de fato, sofrer punição. Mas jamais com a tristeza de jogar em estádios sem público porque isso atinge torcedores que nada tiveram a ver com os tumultos e aprofunda ainda mais o buraco financeiro dos clubes. Haveria muitas formas para levar a paz aos estádios e a primeira delas é cuidar de um eficiente sistema de segurança, como se viu na Copa do Mundo.