Por fabio.klotz

Rio - Rubro-negro de carteirinha e jogador por vocação, o ex-ponta-direita Paulinho Carioca se emociona até hoje quando relembra a época em que entortava os laterais - ora vestindo a camisa de Flamengo e Fluminense ou no seu querido Bonsucesso, clube que o revelou na década de 1970. Carreira eternizada em diversas fotos penduradas nas paredes de uma de suas lojas de esportes, na Ilha do Governador, a Valu. Momentos que parecem estar bem vivos em seu coração.

Paulinho Carioca em uma de sua lojas de esportesAlexandre Vieira

“Tive a felicidade de jogar com os grandes do futebol brasileiro. Com Rivellino, Doval, Júnior, Zé Mário, contra Pelé, e cinco anos com Zico. Foram 200 jogos pelo Flamengo, time do meu coração. Sempre fui profissional, corria, brigava, tenho muita saudade. Recentemente voltei ao Maracanã e as lágrimas desceram”, relembra, visivelmente emocionado.

Uma carreira que começou nas quadras de futebol de salão de Bonsucesso e migrou com muito sucesso para as quatro linhas.

“Não tive dificuldade em trocar a quadra pelo campo. Deixa eu ser metido... Eu jogava”, gargalha.

“Tinha um drible curto, do salão. O que muita gente não sabe é que eu só passei a ser ponta no Flamengo. Eu era meia-direita, vinha com a bola de trás para jogar. Mas, com Zico subindo e Rogério sendo vendido para o Botafogo, Zagallo me pediu para jogar na ponta, pois tinha muita velocidade e sabia cruzar.”

Paulinho Carioca guarda com carinho registros da época de FlamengoAlexandre Vieira

Além do Flamengo, pelo qual foi campeão carioca em 1974, o primeiro título da geração Zico, Paulinho também tem boas lembranças do Fluminense, no qual chegou em 1976, ao ser trocado por Carlos Alberto Torres, no famoso troca-troca promovido pelo ex-presidente tricolor Francisco Horta: “Meu coração ficou apertado, mas não tinha como ficar na Gávea. O salário dobrava. Eu estava crescendo no futebol e ia jogar na Máquina Tricolor, com Rivellino, Marinho Chagas, Pintinho... Fui para um clube sensacional.”

Depois do Fluminense, Paulinho ainda jogou pelo Atlético-PR e pelo Joinville, antes de encerrar a carreira, no Rio: “Parei na Portuguesa da Ilha, quando já tinha a loja. Mesmo mais velho, corria mais que os meninos que treinavam. Tinha 35 anos. Parei porque cansei”, justifica.

Um longa amizade com Zico e Zé Mário

Do futebol, Paulinho guarda doces lembranças e amizades fortalecidas, de mais de 40 anos. Zico e Zé Mário que o digam. Nos anos 1970, o trio não se desgrudava. Tanto que, quando um repórter não encontrava Zico, procurava a dupla para achá-lo.

Paulinho Carioca em ação pelo Flamengo%3A ele participou do primeiro título da geração de Zicoarquivo pessoal

“Éramos inseparáveis. Quem levou o Zé Mário para casar na igreja fui eu. As nossas mulheres são amigas até hoje. Íamos aos shows e viajávamos juntos. Somos grandes amigos”, revela Paulinho.

Amizade marcada por admiração especialmente pelo Galinho: “Quero ser lembrado como um jogador da geração Zico. Ele foi o líder de um grupo, que é uma família até hoje”, elogia, muito emocionado.

Drible de algodão no técnico

Em 15 anos de carreira, Paulinho Carioca ficou marcado pela perda de um pênalti na decisão de um Atletiba, em 1978, defendido por Manga, e por passagens engraçadíssimas na época em que Joubert era o técnico do Flamengo.

O primeiro agachado%2C da esquerda para direita%2C Paulinho Carioca com a camisa tricolor do Fluminensearquivo pessoal

Joubert sempre procurava Paulinho para passar orientações aos jogadores em campo. Cansado de ouvir tanta gritaria em seu ouvido, um dia ele deu o troco.

“Coloquei algodão no ouvido. O técnico gritava e nada”, diverte-se.

“O Zé Mário gritava e nada. No vestiário, o Zé percebeu e me entregou para o técnico, que foi essencial para aquela geração vencedora.”

Você pode gostar