Toronto - Ter um local exclusivo para treinos e hospedagem para algumas modalidades foi uma das regalias que o Brasil contou na última edição dos Jogos Olímpicos, em Londres-2012, com a ocupação do complexo esportivo de Crystal Palace. Para os Jogos Pan-Americanos de Toronto, o COB (Comitê Olímpico Brasileiro) repetiu o investimento, montando seu quartel-general nas instalações da Universidade York.
Serão cinco modalidades utilizando a estrutura esportiva da instituição. As equipes de basquete feminino, judô, luta olímpica feminina e tênis já estão em York, que também servirá como alojamento - 11 prédios com quatro andares. Faltam chegar ainda o atletismo e o time masculino de basquete. Alguns ainda irão para a Vila Pan-Americana, mas os tenistas e a equipe de atletismo seguirão no campus pela proximidade com o local de competição. A ocupação máxima será de 145 pessoas, contando o estafe do COB, como assessoria de imprensa, equipe médica, fisioterapeutas, nutricionista e outros funcionários. O investimento da entidade em toda a logística em Toronto foi de R$ 10 milhões.
O COB organizou um tour pelo local para jornalistas na terça-feira. Além das áreas de treino e de alojamento, a estrutura conta com refeitório, sala de recuperação física e espaço de convivência, com direito a videogame.
"A experiência do Crystal Palace foi importante e só confirmou alguns detalhes que a gente achou fundamentais na preparação, como a questão da privacidade. Ter a condição de produzir uma qualidade de alimento fez diferença, os próprios atletas consideraram isso um fator importante. A qualidade das instalações esportivas e da hospedam também foram importantes. Em relação ao Crystal Palace a gente até melhorou o nível. E existe ainda um ponto fundamental: duas competições serão disputadas aqui perto (tênis e atletismo)", avaliou Edgar Hubner, responsável do COB pela operação em York.
Para cuidar da alimentação dos atletas, o chef da universidade, o canadense Abdel Belkadi, foi a Saquarema, no Rio de Janeiro, onde fica o centro de treinamento da Confederação Brasileira de Vôlei, aprender pratos típicos antes do Pan. A cozinha comandada por ele prepara três refeições - café da manhã, almoço e jantar - e tem sido elogiada por uma combinação tipicamente brasileira: arroz, feijão e farofa.
"Conheci sabores diferentes, temperos diferentes, como grelhar, quais temperos usar em carne e peixe. Gostei bastante (da visita ao Brasil). Não conhecia farofa, agora sei fazer muito bem, e a forma como fazer as carnes. Arroz e feijão têm de fazer a todo momento, além de farofa. Tem sido uma grande experiência para mim satisfazer aos atletas brasileiros", comemorou Belkadi.
O cardápio passa pela supervisão de Renata Parra, nutricionista do COB. Na visão da profissional, ter um espaço exclusivo é positivo para que se controle o que os atletas consomem, ao contrário da Vila Pan-Americana, onde se tem acesso ao melhor e ao pior da alimentação. "Procuramos trazer uma alimentação bem caseira, que eles não costumam ter em viagens, e fazer um cardápio bem equilibrado nutricionalmente falando. O que diferencia bastante da Vila é que aqui eles não têm muitas tentações, têm alimentação mais equilibrada. Aqui a gente tem mais esse controle."
O controle rígido, em princípio, é só com alimentação. O COB não interfere no cronograma das modalidades. Cada um escolhe seus horários de refeição, treinos e folga. A única orientação é evitar barulho à noite nos prédios. "Mas não tivemos problema até agora com isso", disse Edgar Hubner.
* Reportagem de Thiago Rocha