Por edsel.britto

Toronto - O Pan-Americano de Toronto é um dos degraus mais importantes deste ciclo olímpico que culmina com os Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro, em 2016. Como país-sede, o Brasil estabeleceu uma meta ousada: figurar no top 10 do quadro de medalhas, e o evento no Canadá servirá como parâmetro para ver o quanto essa meta é factível na prática.

Apesar da expectativa pelo desempenho, Carlos Arthur Nuzman, presidente do COB (Comitê Olímpico Brasileiro), opta por não pressionar os atletas pelos resultados, pelo menos no discurso. "Devemos encarar o esporte de maneira geral e não como uma questão de honra", disse o dirigente de 73 anos, à frente da entidade desde 1995 e também presidente do Comitê Organizador dos Jogos Rio 2016.

Carlos Arthur Nuzman, presidente do Cob, diz que cronograma da Olimpíada está sendo seguidoCarlos Moraes

Nuzman concedeu esta entrevista ao iG Esporte na última quarta-feira, antes da cerimônia de boas vindas à delegação brasileira na Vila de Atletas do Pan de Toronto. Confira o bate-papo abaixo:

iG: Qual será a influência do Pan de Toronto nos objetivos traçados pelo COB neste ciclo olímpico?

Nuzman: O objetivo era ter uma delegação grande, dividida em atletas que são os titulares e outros que são os possíveis substitutos em esportes que têm campeonatos mundiais e outros eventos próximos, com prioridade dividida. Nossa expectativa é que Brasil, Canadá e Cuba vão disputar o segundo lugar no quadro de medalhas, Estados Unidos devem ser o vencedor, e um outro grupo em seguida atrás, com México, Venezuela, Argentina e Colômbia.

iG: O brasileiro leva muito os resultados em consideração. Como evitar que as pessoas não se frustem se algo der errado e como evitar o excesso de confiança se os bons resultados vierem?

Os resultados virão de acordo com o que os atletas vão apresentar. Foi dado a eles tudo pelas confederações brasileiras e pelo Comitê Olímpico Brasileiro. Cada vez mais a preparação é melhor e maior. Agora é uma questão de esperar os resultados, mas é importante que a população entenda que nós devemos encarar o esporte de maneira geral, e não como uma questão de honra. Acho que é isso que eleva a importância e dá também uma segurança aos atletas.

iG: Após o Pan começam os eventos-teste no Rio de Janeiro para os Jogos Olímpicos de 2016. Como está a reta final de preparação?

As arenas estão no cronograma normal e os eventos-teste são para serem testados, para podermos analisar os erros que poderão ter e aí corrigir, é para isso que eles existem. Eles não existem para resultados técnicos, existem para o Comitê Rio 2016 avaliar e analisar, da mesma maneira que vocês da imprensa precisam saber como vão cobrir, qual será o posicionamento de vocês na instalação. Enfim, é para todos.

iG: A poluição na Baía de Guanabara, sede da vela nos Jogos do Rio, levanta muita polêmica. É possível ter condições minimamente adequadas para 2016?

Isso foi uma bandeira levantada pelos países adversários. Já tivemos campeonatos mundiais e Jogos Pan-Americanos na Baía e nunca abriram a boca. Eles estão preocupados porque os velejadores brasileiros conhecem a questão do vento, das correntes, que são diferentes, e aí criaram isso. O desejo é que a água esteja limpa e que possa, como teve no evento-teste, no Pan-Americano e nos campeonatos mundiais que todos eles já participaram. É uma questão de os adversários ficarem reclamando ou alguém querer justificar também seus resultados. Mas a Baía estará em condições e nós teremos uma grande competição de vela, como talvez poucas vezes na história. Normalmente as competições de vela são realizadas a 300, 400, 500 quilômetros de distância, precisa ir de avião, não tem cobertura de imprensa porque fica longe. Agora está no meio da cidade, que tem uma imagem extraordinária, então é a hora também de eles pensarem o contrário.

iG: O que achou de Toronto? Há uma grande distância entre as instalações esportivas, o que achou disso?

Isso foi uma opção que Toronto fez e a Odepa (Organização Desportiva Pan-Americana) aceitou. Agora, vai ter de se fazer isso. É longe e muitas vezes há uma diversificação de instalações e locais, de não estarem todos concentrados no mesmo lugar, e acho que isso vai acontecer em Jogos futuros, sejam Olímpicos ou Pan-Americanos, porque com isso você também dá economia na hora de distribuir as instalações. Se isso tivesse surgido antes talvez a gente pudesse pensar diferente (os Jogos do Rio 2016), mas aqui eles pensaram dessa maneira e vão ter bom resultado.

iG: Mesmo com a distância entre as instalações?

Nuzman: Mesmo com as instalações distantes. Se a gente se lembrar que em Atlanta (Jogos de 1996) as competições de vela eram em Savannah, quase 500 quilômetros, então tinha que ser de avião. Você estava lá e não tinha quem fosse cobrir, tem de se dividir entre vários esportes e não dá tempo.

*Reportagem de Thiago Rocha

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