Canadá - Modalidade que já proporcionou 124 medalhas ao Brasil na história dos Jogos Pan-Americanos, o judô chegou a Toronto mirando pódio para os 14 convocados para a edição de Toronto, uma demonstração de força no ciclo olímpico que se encerra em 2016, no Rio de Janeiro. A meta, no entanto, ficou a uma vitória de ser cumprida por conta da derrota de Alex Pombo (até 73kg) na semifinal, luta na qual lesionou o joelho direito.
Após quatro dias de competição, encerrada na noite de terça-feira, o judô brasileiro sai de Toronto com 13 medalhas. Um número significativo, é verdade, mas abaixo da meta. Em total de pódios, repetiu-se a performance dos últimos dois Pans, Guadalajara-2011 e Rio de Janeiro-2007, porém com número menor de ouros na comparação com quatro anos atrás: cinco contra seis.
Dos cinco estreantes, apenas um chegou ao topo do pódio em Toronto: David Moura (acima de 100kg). A missão de angariar ouros para o quadro de medalhas do Brasil coube a veteranos como Tiago Camilo (até 90kg), Luciano Correa (até 100kg) e Erika Miranda (até 52kg) - Charles Chibana (até 66kg) foi o outro campeão do país no Pan canadense.
Ney Wilson, gestor técnico de alto rendimento da CBJ (Confederação Brasileira de Judô), minimizou a meta não cumprida e, de forma positiva, "culpou" o Brasil pelo maior equilíbrio que o Pan de Toronto apresentou.
"Houve uma evolução no cenário pan-americano e o Brasil tem contribuído para esse desenvolvimento do judô na região, ajudando com conhecimento técnico, isso fortalece a competição, e vimos isso em países como Colômbia e Equador. Conseguimos tirar a diferença que tínhamos para Cuba. Em Guadalajara empatamos em ouros, seis a seis, agora ganhamos dois a mais (cinco contra três). Sobre o objetivo, metas têm de ser estabelecidas, e neste sentido mais acertamos do que erramos. O grande desafio eram 14 (pódios), não deu, mas o resultado foi muito bom. Isso nos fortalece para os Jogos Olímpicos. O foco deste ano é o Mundial, e não o Pan", explicou.
Wilson comparou o Pan a um evento-teste para o judô brasileiro, que estará presente no Mundial de Astana, no fim de agosto, e para definir a equipe que representará o país nas Olimpíadas do Rio. "Ainda vamos fazer um balanço mais profundo do que aconteceu. Foi um laboratório para 2016, vamos avaliar o desempenho de cada um, apontar quem evoluiu e quem sentiu a pressão, e ver o que precisa ser melhorado. Não ter um resultado superbom pode nos ajudar na busca por um objetivo maior, não deixa ninguém na zona de conforto", disse.
A vitória de David Moura em Toronto, numa faixa de peso que conta com um medalhista olímpico, no caso Rafael Silva, que perdeu o Pan por lesão, ilustra a realidade de algumas categorias: ter dois ou até três judocas de alto nível pleiteando a vaga olímpica para 2016. O critério recomendado pela FIJ (Federação Internacional de Judô) é usar o ranking mundial como base, mas Wilson admite que algumas escolhas podem passar por critérios técnicos. O prazo para fechar os convocados para os Jogos é até maio.
"O certo é obedecer ranking, mas podem haver exceções. Um judoca em ascensão pode ser uma opção comparando com outro bem ranqueado, mas que não vive um bom momento. Um judoca que suporta mais a pressão pode levar vantagem. O Mundial vai ser essencial para observarmos bem isso. A tendência maior é decidir em cima do tatame", completou Ney Wilson.
As medalhas do judô brasileiro no Pan de Toronto:
5 ouros: Érika Miranda (até 52kg), Charles Chibana (até 66kg), Tiago Camilo (até 90kg), Luciano Correa (até 100kg) e David Moura (acima de 100kg)
2 pratas: Felipe Kitadai (até 60kg) e Mayra Aguiar (até 78kg)
6 bronzes: Nathalia Brígida (até 48kg), Rafaela Silva (até 57kg), Mariana Silva (até 63kg), Maria Portela (até 70kg), Maria Suelen Altheman (até 78kg) e Victor Penalber (até 81kg)
* Reportagem de Thiago Rocha para o iG