Rio - Edson Passos, 15 de julho de 2015, um dia que o camisa 10 Léo Rocha jamais vai esquecer. Conhecido nacionalmente por perder um pênalti, de cavadinha, em cima do goleiro do Botafogo, Jefferson, na Copa do Brasil de 2012, o jogador deu a volta por cima ao comandar o retorno do América à elite do futebol carioca, após quatro anos de ausência. Uma conquista regada a sangue, suor e muitas lágrimas. Decisivo no triangular final da Série B, ele fez dois gols, dos seis que marcou, deu duas assistências e provou que tem futebol para ir bem mais longe.
Nada mal para quem arriscou a carreira ao ficar dois anos sem jogar. Só não parou de vez, porque foi resgatado da desilusão pelo técnico Arthurzinho.
“Ele estava descrente, o futebol é ingrato. O Léo foi julgado e ficou marcado por um lance isolado, como se fosse o fim do mundo.Tem muito potencial, qualidade e tudo para estourar. Fico feliz pelo sucesso dele. O Léo merece”, elogia Arthurzinho, que o incentivou nos momentos mais difíceis no América.
SUPERAÇÃO DAS CRÍTICAS
Apesar da habilidade e visão de jogo, a torcida o acusava de prender demais a bola. “Eu entrava em campo para aquecer e já era vaiado. Não é em todo jogo que você se sobressai. Fui muito criticado, mas entendo. Faz parte da paixão, eram três anos batendo na trave”, pondera Léo.
Neste domingo, o camisa 10 quer muito mais: “O principal objetivo era o acesso e foi atingido. Agora vamos com tudo para cima da Portuguesa para fechar com chave de ouro e com o título da Série B.”
Uma conquista que terá um gosto muito especial para um garoto que perdeu o pai com 5 anos de idade e, aos 9, driblou o destino traçado pela família no remoto vilarejo de Valão do Barro, no Norte Fluminense: “A minha família tirava leite em curral de boi, roçava pasto. A vida lá era muito difícil. Eu era pequeno e já ajudava. Via meus tios naquela vida dura e pensava que não queria aquilo.”
NA LUTA DESDE OS 9 ANOS
Sem expectativas, Léo saiu de casa com 9 anos para tentar a sorte no futebol. Até os 15, morou em Santa Maria Madalena, na casa do empresário. Depois foi parar no Madureira, onde jogou no infantil e juvenil. Mas só foi subir para o profissional no Olaria, graças a Arthurzinho, que o promoveu dos juniores. A estreia foi inesquecível: 3 a 0 em cima do Flamengo, na Taça Guanabara de 2005. “Participei dos três gols e fui o melhor em campo. Dali eu saí para o mundo”, relembra.
Com contrato perto do fim, Léo não esconde um desejo antigo. “Não é por dinheiro e nem ambição, mas meu sonho era jogar em um time grande no Brasil. Já joguei em equipes de ponta no Azerbaijão e na Venezuela, mas pouca gente ia ao estádio, não é como aqui. Gostaria de sentir a emoção de ouvir a torcida gritando o meu nome”, confessa com o olho brilhando o filho ilustre de Valão da Terra.
“Saí com 9 anos de um lugar que não tinha nem luz. Conheci 12 países, ganhei em dólar, euro. Eu já me considero um vencedor. O que vier agora é lucro”, aposta.