Por edsel.britto

Toronto - Há um ano e meio, quando decidiu morar nos Estados Unidos, a carioca Camilla Gomes queria apenas acrescentar novas experiências à carreira no trampolim acrobático, divisão da ginástica que ainda busca maior espaço no Brasil. Mas a primeira conquista da viagem atingiu diretamente o coração. A convivência em treinos e momentos de descontração a aproximou do americano Steven Gluckstein, também atleta da modalidade. Juntos há um ano, o casal está em Toronto, cada um defendendo as cores de seu país nos Jogos Pan-Americanos, mas com um objetivo em comum: celebrar a parceria juntos no pódio.

Camilla, 21 anos, já conhecia Steven, 25, de competições. "Para falar a verdade, eu o achava meio metido", confessa ao iG ao lado do namorado, mas em português. A proximidade fez a jovem enxergar um outro lado do americano, que a conquistou. "Ele levava a gente para conhecer a cidade, para sair, passei a conhecê-lo melhor e agora estamos juntos." A ideia era ficar três meses treinando nos Estados Unidos, onde morava com uma família cuja filha também praticava trampolim acrobático. O namoro mudou os planos, e agora a brasileira se mudou para a casa dos pais de Steven, em Nova Jersey.

"Mudar de país foi uma opção pessoal. Em 2012 e 2013 eu fui para Portugal. Acho que é sempre bom os atletas mudarem de ginásio para saber como é nos outros países. Eu tinha o objetivo de a cada ano ir para um país diferente, mas acabei ficando lá por causa dele e do trampolim", diz Camilla, campeã brasileira e terceira colocada no Pan-Americano da modalidade, em 2014.

Os namorados Camilla Gomes e Steven Gluckstein vão competir juntos pela primeira vez no PanThiago Rocha / iG

Steven esteve no Rio de Janeiro no início deste ano, passou duas semanas e conheceu a família de Camilla. Aos poucos ele está aprendendo a falar português, mas sua grande conquista no idioma, por enquanto, é musical. "Eu sei cantar 'Ai se eu te pego'. Adoro essa música", conta o ginasta e fã de Michel Teló, que é mais tímido do que a namorada.

Juntos nos treinos e no convívio como casal, Camilla e Steven se ajudam para evoluírem como atletas, e com metas em comum: chegar aos Jogos Olímpicos de 2016,. no Rio de Janeiro. "É muito bom porque a gente tem um ao outro para apoiar. A gente sabe das dificuldades, tem os mesmo objetivos, consegue ajudar melhor um ao outro do que qualquer outra pessoa", acredita Camilla. O americano aposta da mistura de costumes para trazer novos elementos à rotina de treinos. "Temos um bom balanço. Tenho mais experiência do que ela por já estar em competições internacionais há oito anos e ter disputados os últimos Jogos Olímpicos. Tenho uma técnica russa que trabalha nos Estados Unidos. Agora ela trouxe a cultura brasileira para os meus treinos. É uma boa mistura, com muito trabalho."

O Canadá é potência mundial do trampolim acrobático, e divide o favoritismo com os Estados Unidos neste Pan de Toronto. A missão de Camilla, na teoria, é brigar pelo bronze. Apesar do otimismo com a preparação, ela é realista sobre as perspectivas do casal. "Ele tem mais chance de pódio." Steve preferiu adotar a diplomacia, e também dar moral para a namorada. "Neste momento ninguém está mais próximo do pódio, no trampolim tudo pode acontecer. Tudo que sei é que nós estamos trabalhando muito duro para chegar ao topo do pódio, espero que a gente chegue juntos."

Ela será a primeira a competir neste sábado, partir das 20h05 (de Brasília). O masculino estreará às 21h. As finais serão no domingo.

Um bom resultado no Pan de Toronto pode significar um impulso extra para Camilla Gomes no Mundial de Trampolim Acrobático, em novembro, na Dinamarca. A meta é ficar entre as 24 melhores do torneio e se garantir no evento-teste dos Jogos de 2016, em abril, que pode abrir mais uma vaga olímpica para o país.

"O Brasil tem uma vaga nas Olimpíadas, mas ela será masculina ou feminina. Tem o Mundial, e o brasileiro que se classificar melhor vai para as Olimpíadas. Eu estou querendo garantir a minha vaga sem depender da que o Brasil já tem. Se duas ginastas forem para o evento-teste, aí sim a gente pode conseguir duas vagas. É muito difícil, mas é possível", aposta Camilla. Que o amor possa vencer também no trampolim acrobático.

*Reportagem de Thiago Rocha

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