Canadá - Se o objetivo da campanha do Brasil nos Jogos Pan-Americanos de Toronto, encerrados neste domingo, era mostrar evolução faltando pouco mais de um ano para a Olimpíada do Rio de Janeiro, em 2016, o exemplo mais emblemático vem da ala feminina da delegação. Das 141 medalhas conquistadas pelo país no evento, 63 vieram com as mulheres, com pódios inéditos no evento.
Para mostrar a influência deste número no quadro de medalhas do Brasil e fazer uma comparação entre sexos é necessário excluir cinco desses 141 pódios, obtidos em competições mistas (três no hipismo e os outros dois no badminton e na vela). Sobram 136. Deste montante, as 63 das mulheres correspondem à quase metade das conquistas do país: 46,3%. Os homens subiram apenas dez vezes a mais no pódio em Toronto.
No Pan de Guadalajara-2011, o Brasil conseguiu as mesmas 141 medalhas, duas delas em provas mistas. Das 139 restantes, 84 foram conquistadas por homens (60,5%) e 55 por mulheres (39,5%).
Embora tenha faturado oito medalhas a mais em relação a 2011, as mulheres do Brasil conquistaram menos ouros em Toronto (13) do que em Guadalajara (15). Este último item de maneira alguma diminui o feito feminino, que alcançou resultados históricos no Canadá.
Alguns exemplos: ao vencer a final dos 100m costas, Etiene Medeiros faturou o primeiro ouro da natação feminina brasileira no Pan. Outras inéditas conquistas douradas vieram na luta olímpica, com Joice Silva, na canoagem slalom, com Ana Sátila, e no pentatlo moderno, com Yane Marques.
Bronze na categoria até 63kg, Bruna Luana Nascimento levou para casa a primeira medalha feminina do levantamento de peso no Pan. Modalidade estreante, o rúgbi de 7 teve Brasil no pódio apenas entre as mulheres. Das 13 láureas do judô em Toronto, sete foram das garotas. Vice-campeãs em duplas, as irmãs Luana e Lohaynny Vicente registraram o melhor resultado do badminton do país em Jogos.
Sim, tem mais. Apesar da campanha decepcionante da modalidade no Pan-Americano, o único ouro do Brasil no atletismo veio com Juliana dos Santos, nos 5.000m. Na competição por equipes do tênis de mesa, a prata colocou o time feminino do país no pódio pela primeira vez na história. Apenas as meninas faturaram medalhas no taekwondo, com Iris Silva e Raphaella Galacho. Ah, e das cinco láureas no caratê, quatro foram femininas.
"É uma tendência essa disputa ser mais acirrada. É possível em breve ter uma divisão meio a meio entre homens e mulheres, tanto em resultados quanto em número de atletas numa delegação", acredita a ex-jogadora de vôlei de praia Adriana Behar, gerente-geral de Planejamento Esportivo do COB (Comitê Olímpico do Brasil).
Essa "guerra dos sexos" poderia ter sido até mais equilibrada. O basquete feminino, por exemplo, ficou sem medalha ao perder a disputa pelo bronze para Cuba. O time de softbol, estreante no Pan, também chegou às semifinais. A velocista Rosângela Santos bateu na trave na final dos 100m rasos, ao ficar em quarto lugar, mesma colocação do revezamento 4x100m.
Reportagem de Thiago Rocha