Por fabio.klotz

Rio - A medalha de ouro no Pan de Toronto coroou com perfeição o momento de Vitor Benite. O ala-armador, de 25 anos, foi protagonista da seleção brasileira e exibiu todo o seu potencial, com talento para ser cestinha, uma leitura de jogo apurada e uma defesa cada vez mais consistente.

Benite brilhou no Pan de TorontoReprodução Internet

"Acho que é o melhor momento da minha carreira, talvez porque seja o momento presente, que eu venho vivendo. No esporte você não pode ficar muito apegado ao passado ou pensar no futuro. Tem de aproveitar os momentos como esse. Lógico que quando os títulos acontecem e os bons desempenhos acontecem, isso facilita a nossa vida, mas eu venho vivendo esse momento muito legal e espero continuar trabalhando muito para manter isso por muito tempo", declara Benite, por e-mail.

O desempenho no Pan de Toronto comprovou a maturidade e a evolução do ala-armador, que assumiu um papel de protagonista na Seleção e foi o cestinha brasileiro no torneio, com média de 18,2 pontos por jogo.

"O protagonismo veio naturalmente. A equipe tentou buscar um jogo muito coletivo, no qual todo mundo ajudava o outro dentro da quadra, buscava achar o jogador que estava mais preparado, mais livre, e conforme os jogos foram acontecendo esse protagonismo foi natural. A equipe me buscou bastante em vários momentos e como eu estava bem nas partidas isso acabou acontecendo mais vezes. E eu estava numa boa. Enquanto tiverem confiança em mim, eu acho que eu assumo esse papel bem. Tem muito a ver, sim, com maturidade, com estar em uma equipe que disputa várias finais como o Flamengo, ao lado de jogadores muito experientes, uma comissão técnica muito boa. Tudo isso, toda essa evolução ajuda a chegar à Seleção melhor preparado", afirma o ala-armador. A atuação contra os Estados Unidos, quando marcou 34 pontos, vai ficar marcada para sempre:

"Eu acho que foi meu melhor jogo pela Seleção. É um daqueles dias que tudo dá certo, que você está muito confiante, que as bolas que você arremessa, mesmo saindo um pouco errado da mão, acabam caindo também... então eu fiquei muito feliz que a equipe conseguiu ver que eu estava em um bom momento, então todo mundo me ajudou e me procurou, então esse é um trabalho coletivo muito legal que, às vezes os méritos vêm muito para mim, mas eu acho que a forma como todos os jogadores me ajudaram naquele momento fez com que tenha sido um jogo muito especial também por isso."

No Pan%2C contra os Estados Unidos%2C Benite marcou 34 pontos: a melhor atuação pela SeleçãoWilliam Lucas / Inovafoto / Divulgação

O desempenho do Brasil no Pan chamou a atenção, com um defesa intensa e um ataque coletivo. Os elogios foram muitos, inclusive de que seria a melhor atuação da Seleção nos últimos anos. Benite evita comparações e diz qual foi o mérito da equipe em Toronto.

"Eu não sei se foi a melhor atuação que o Brasil teve nos últimos anos. Foi uma atuação muito boa e a gente tentou passar uma mensagem de muita determinação, de muita raça, de muita coletividade. São coisas que a equipe tentou passar e fez muito bem. Mas ninguém fica comparando com outras seleções. A gente tem de aproveitar esse momento da melhor forma e continuar fazendo isso bem. Acho que a Seleção está preparada e vai continuar se preparando para os próximos campeonatos para chegar de uma forma ainda melhor", diz o ala-armador, que ainda tenta dimensionar a repercussão do Pan:

Benite liderou a seleção brasileira ao ouro no PanGaspar Nobrega / Inovafoto / Divulgação

"Lógico que um torneio internacional como um Pan-Americano é muito visado, com muitas pessoas ligadas ao basquete lá assistindo e isso é muito legal para todos nós da Seleção por ter sido um campeonato muito bom. E eu fico muito feliz por ter tido uma atuação muito boa e as pessoas estarem reconhecendo isso, mas eu sei que o foco tem de estar no dia a dia e nas coisas que eu venho fazendo para ajudar o basquete e a Seleção. Lógico que se um dia surgir uma chance na Europa ou NBA eu vou ficar muito feliz, mas por enquanto prefiro focar mais nas coisas que acontecem no dia a dia", afirma.

Além da medalha de ouro, a campanha em Toronto teve um gostinho especial para Benite. A motivação era maior para superar dois momentos difíceis com a camisa da seleção brasileira, no Pan de Guadalajara, em 2011, e o Sul-Americano do ano passado.

"Com certeza deram mais motivação, porque são momentos difíceis que eu passei como atleta, com muitas críticas. Você cria muitas dúvidas quando resultados não acontecem e você tenta ao máximo se motivar, aprender com os erros, trabalhar e se motivar para chegar em momentos como esse agora e tentar fazer o melhor possível. Quando os resultados acontecem, como o ouro e os resultados que conseguimos aqui, é muito gratificante e faz esquecer as coisas ruins que passaram e bola pra frente. Não adianta achar que está tudo ótimo agora. É continuar trabalhando muito porque ainda tem muita coisa boa para acontecer."

"Muita coisa boa para acontecer" pode ser uma convocação para os Jogos Olímpicos do Rio, no ano que vem. Porém, quando o assunto é a Olimpíada, Benite mantém o foco e evita se deixar levar pela atuação no Pan de Toronto.

"Estou fazendo o meu trabalho e fico feliz por ter tido um bom desempenho pela Seleção, com o ouro e como a equipe jogou. Não vou ficar pensando em convocação para daqui a um ano. Vou tentar ao máximo continuar melhorando, porque isso que é o importante", declara.

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