Rio - O tenista número 1 do Brasil na atualidade poderia ter trilhado outro caminho no esporte. De privilegiado porte físico e muito veloz, o menino canhoto tentou a sorte como lateral-esquerdo. Mas a frustração por quase sempre esquentar o banco de reservas mostrou que seu talento não era com a bola nos pés. Aos 27 anos, Thomaz Bellucci olha para o passado e não se arrepende da escolha que fez, mas confessa que se não tivesse chegado tão longe nas quadras do planeta poderia ser hoje um boleiro.
“Era um cara fisicamente bom, fazia muitos esportes, corria bastante. E essa é uma posição que requer muito esforço físico. Tinha força, mas não tinha muita habilidade. Tinha garotos no time com mais talento”, recorda Bellucci, que hoje está entre os 40 melhores tenistas do mundo.
No início, ele bem que tentou conciliar os dois esportes, mas o desgaste físico falou mais alto. “Comecei a fazer aula de tênis com uns sete anos. Também jogava futebol quando era pequeno, no colégio e no clube onde jogava tênis. Fazia os dois até uns 11 anos. Depois não tinha mais tempo, porque treinava tênis todos os dias e ficava muito cansado. Não tinha muita disposição para o futebol”, confessa.
FOTOGALERIA: Tenista, Bellucci sonhava em ser jogador de futebol
Enquanto o tênis tomava cada vez mais espaço na sua rotina, com torneios em todos os fins de semana, restou ao menino Thomaz assumir apenas o papel de torcedor no futebol. Palmeirense de carteirinha, ele guarda na memória as grandes atuações do camisa 10 Alex.
“O Alex era a referência no Palmeiras que ganhou a Libertadores em 1999. Eu tinha 12, 13 anos e comecei a entender um pouco mais o jogo. Depois do Alex, acredito que o Valdívia tenha sido uma referência no time. Sempre foi um cara diferenciado e tem um nível técnico maior do que a média”, analisa.
As idas ao estádio para assistir ao Verdão não eram tão frequentes na infância, já que o pai preferia o conforto do sofá de casa. Mas, com os amigos, Bellucci passou a ser um torcedor mais assíduo. Mais tarde, como tenista profissional, ele teve a chance de conhecer um dos maiores ídolos do clube: “Vi que o Marcos é um cara muito simples, humilde, que me surpreendeu bastante. Às vezes, temos uma imagem no futebol de que os caras são endeusados e têm nariz empinado, mas fiquei à vontade ao lado dele”.
Apesar de gostar de bater uma bolinha, hoje Bellucci não se arrisca, nem mesmo em jogos com os amigos: “Posso torcer o pé num movimento que não estou acostumado a fazer ou ficar dolorido no outro dia. Prefiro não me arriscar. Quando parar, terei muitos anos para jogar futebol”, justifica.
Namorando Gabriela Cabrini, filha do jornalista Roberto Cabrini, também palmeirense, Bellucci conta que as conversas sobre futebol são comuns com o sogro. “Ele segue o time muito mais do que eu e já foi jornalista esportivo. Muitas vezes a gente fala sobre futebol. O time de coração dele é o XV de Piracicaba, mas ele torce pelo Palmeiras o tempo inteiro”, revela.
Do futebol, também vem um exemplo do que Bellucci — se conquistar a vaga olímpica — viverá em 2016: jogar diante da torcida brasileira. Foi o que experimentou a Seleção na Copa do Mundo de 2014, que sentiu o peso da responsabilidade. “No futebol, a pressão é muito maior do que nos outros esportes. Mas temos que ver sempre o lado bom de jogar com a torcida, dentro de casa, e não se sentir pressionado de carregar a bandeira do Brasil”, pondera.