Rio - No segundo capítulo da série E se eu fosse..., Lucão conta que seria botânico se não tivesse seguido uma bem-sucedida carreira nas quadras de vôlei. Ele chegou a se matricular na faculdade de Biologia, mas um chamado para a Seleção juvenil mudou seus planos.
Se não fosse uma das estrelas mais badaladas do vôlei mundial, o meio de rede da seleção brasileira Lucão seria botânico. Uma paixão que surgiu na infância, na distante Colinas, pequena colônia alemã a 125 quilômetros de Porto Alegre, conhecida como Cidade Jardim. Foi na terra natal, cercada de belos arbustos podados em formas de animais, que o garoto descobriu seu amor pelo mundo das plantas.
“Se não tivesse sido jogador de vôlei, teria feito Biologia e hoje estaria no meio do mato estudando as plantas. A Botânica sempre foi uma paixão na minha vida. Espero que daqui a algum tempo eu consiga voltar a estudar”, afirma Lucão.
Ele passou no vestibular de Biologia, mas não teve tempo para iniciar o curso. “Já tinha comprado todo o material, a aula começaria numa segunda-feira, mas, na semana anterior, fui convocado para Seleção juvenil. Eram quatro semanas em Saquarema e não tinha como voltar. Daí, emendei com a Seleção adulta. Tive que largar, porque a minha prioridade sempre foi o vôlei”, confessa o jogador.
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Ele deixa no ar certo saudosismo sobre a infância, da época em que era apenas um guri que corria solto pelas planícies gaúchas, subindo em árvores, pescando e acampando com o avô, às margens do Rio Taquari.
“Eu vivia no meio do mato, capinando, plantando ou acampando. Minha vida sempre foi no campo, perto da natureza, para desespero de minha mãe. Toda vez que eu voltava para casa ela fiscalizava para ver se eu estava inteiro”, relembra, bem-humorado.
Cercado pela natureza, Lucão se interessou pelos mistérios da mata. Percebendo a grande curiosidade do aluno, o biólogo e professor do Colégio Martin Luther, Emersom Musskorpf, o incentivou a estudar ainda mais Biologia.
“Meu professor era um gênio e a área dele mesmo era a Botânica. Ele era do meio ambiente, sempre tinha um bom assunto para trocar. Ele me influenciou muito nessa parte da Botânica”, conta Lucão.
Biólogo da Prefeitura de Estrelas, no Vale do Taquari, Emersom se lembra com muito carinho do aluno mais famoso.
“Lucão era um guri fantástico. Bem-humorado, prestativo e muito dedicado em tudo o que fazia. Sempre foi curioso e tinha muita vontade de aprender. Ele gosta de Botânica porque é uma pessoa simples, da terra. Trabalhar com plantas exige paciência e dedicação. Ele sempre teve a mão boa para o vôlei e as plantas”, afirma o professor de Lucão.
Mesmo deixando a Botânica em segundo plano, Lucão tenta se manter atualizado sobre o tema. É leitor voraz de revistas do gênero e adora programas de TV sobre natureza selvagem.
“A maior parte das minhas revistas é do tipo ‘Superinteressante’. Se sair um pouco disso, é mais difícil. Adoro também programas do ‘Discovery Chanel’. Assisto o dia inteiro, enquanto todo mundo está vendo os canais de esporte”, revela, com muito entusiasmo.
Entre os programas de TV, os de sobrevivência na selva são os preferidos do jogador. “Quando entrava de férias, passava uma semana acampando e pescando com o meu avô. Não tinha água encanada nem energia elétrica. Era camping selvagem. Banho só em um duto de sucção para a colheita de arroz que caía em um quadrado de cimento. A água a gente tinha que pegar no rio para ferver. Aprendi muita coisa. Era uma espécie de ‘Survivor do Discovery Chanel’. Era muito bacana”.
Perguntado se toparia participar de um programa do gênero, na mata, Lucão nem piscou. “Iria fácil. Gosto demais”, entrega o craque da seleção brasileira de vôlei.