Por edsel.britto

São Paulo - Ninguém diria, vendo Thye Mattos Bezerra dentro da piscina num jogo de polo aquático, ou nos arredores dela depois da partida, que o goleiro reserva da seleção brasileira atravessa um momento dramático e cheio de incertezas. Como se sabe, o atleta foi indiciado pela Justiça canadense, que diz ter elementos para acusá-lo de violência sexual contra uma mulher. O caso teria ocorrido durante a disputa dos Jogos Pan-Americanos.

Thye está participando da Liga Nacional, em São Paulo. As finais serão domingo, no clube Pinheiros. Nesta quarta-feira, jogando em casa, o Paulistano, seu clube, fez uma partida equilibrada com o Sesi, que é o favorito ao título, e perdeu por 9 a 8. O goleiro teve boa atuação, mantendo seu padrão de participação, que é bastante ativo, com orientações, incentivos e broncas em seus colegas de equipe.

Instruído por seu advogado, Thye se recusa a dar entrevistas. O silêncio se estende a seus parentes. Por casualidade, a reportagem do iG se sentou, na arquibancada, ao lado da mãe do atleta, a jornalista Cyane Ventura, que mora na Itália e veio ao Brasil para dar um apoio ao filho. Ela foi evasiva quando perguntada a respeito do estado psicológico do atleta. "Você o viu jogando". E se recusou a responder, educadamente, mas com firmeza, qualquer outra questão.

Após a polêmica da agressão sexual no Canadá%2C Thye está jogando em alto nível na Liga NacionalDivulgação

Depois da partida, o jogador brincou com uma criança, filho de um colega do clube, que estava num carrinho de bebê. Os companheiros de time e amigos de outras equipes tratam normalmente o atleta, que se mantém sorridente e descontraído. O técnico do Paulistano, o cubano Bárbaro Diaz, também é bastante econômico em suas declarações sobre Thye. "Ele está bem".

Em outubro, os jogadores da seleção brasileira serão distribuídos por equipes da Itália, Croácia, Espanha, Hungria e Sérvia, que são os principais polos do esporte no mundo. A experiência é incentivada pelo técnico do Brasil, o croata Ratko Rudic, que quer ver seus atletas aumentando a bagagem em partidas de alto nível. Sem poder viajar ao exterior, pois correria o risco de ser extraditado para o Canadá, Thye vai perdendo espaço na seleção.

Mesmo que ainda pudesse jogar no exterior, Thye teria dificuldades para conquistar vaga no time que representará o Brasil na Olimpíada. Está tramitando o processo de naturalização do croata Slobodan Soro, um dos melhores goleiros do mundo. Thye foi para o Pan e para o Mundial de Kazan como reserva de Vinícus Antonelli, o Bin Laden, do Pinheiros, hoje o principal favorito à suplência de Soro.

A Justiça canadense até hoje não remeteu ao advogado de Thye os autos do processo, o que dificulta a defesa do jogador. A estratégia das autoridades daquele país é forçar Thye a viajar ao Canadá para se defender.

*Alessandro Lucchetti 

FONTE: iG

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