Por pedro.logato

Rio - Com o futuro em xeque, o lateral-volante Arthur Carangola, 34 anos, e o atacante Índio, 27 anos, buscam dentro de si a força necessária para manter vivo o sonho de vencer no futebol. Os últimos anos foram sofridos e não faltaram momentos, em que a dupla fraquejou e pensou em desistir. 

“Este ano bateu um desânimo, mas tem sempre alguém que liga, dá uma força e eu sigo em frente. Esse apoio me dá mais fé que 2017 será diferente e eu vou poder chamar minha família para ver um jogo meu aí”, desabafa hoje o experiente jogador que com apenas 12 anos de idade trocou a cidade mineira de Carangola pelo Rio, para tentar a sorte no Botafogo. Foram nove anos no Glorioso, mas após ficar nove meses sem receber salários, ele embarcou nas promessas de um empresário e deixou o clube. “Ele prometeu uma transferência para a Suíça e levei o Botafogo na Justiça. Quando saí não tinha clube, não tinha nada. Minha mãe chora até hoje, pois minha família é toda de botafoguenses”, lamenta.

Cigano da bola%2C Carangola garante estar em boa forma e pronto para jogararquivo pessoal

Inexperiente e com os pais longe, Carangola viria ainda a passar maus bocados ao se aventurar pelo mundo. Ele atuou em clubes de seis países, Albânia, Grécia, Tunísia, Líbia, Equador e Dubai, onde conheceu de perto as belíssimas ilhas gregas, viveu o horror da guerra na Líbia e comeu o pão que o diabo amassou no Sportif de Gabés, da Tunísia.

“Eles não me pagaram três meses de salários e tentei arrumar outro clube. Um dia após o treino, cheguei no meu apartamento, que foi arrombado. A minha mala já estava na portaria. Fiquei sem dinheiro e sem o meu passaporte por nove meses”, relembra Carangola, que viveu 15 dias a base de sanduíches e morando de favor na casa de um amigo.

Após voltar ao Brasil, em 2012, o jogador passou pelo Central, Serra Macaense, Atlético- Barra e Tigres do Brasil, seu último clube. Com a Segundona do Rio chegando, Carangola faz planos. “Tem dois ou três clubes que estou conversando. Não vejo a hora de voltar jogar”.

Índio em ação no treino do Conexão. Atacante recebeu sondagens%2C mas não fechou com nenhum clubeDaniel Castelo Branco

SANGUE GUERREIRO

Ao se tornar o artilheiro da Série C do Carioca de 2016, pelo Duquecaxiense, o atacante Índio imaginou que sua carreira daria um pulo. Após passar anos dando murro em ponta de faca, a visibilidade dos troféus,— também ganhou a Bola de Bronze da competição , poderia mudar seu futuro.

“Estes troféus me deram um novo ânimo para jogar. Nunca duvidei do meu potencial, mas o futebol é complicado, se você não tiver um bom empresário para te colocar em um bom lugar, tudo é muito mais difícil”, alerta. Quando começou a carreira no CFZ, o centroavante chamou logo a atenção pelos gols e a longa cabeleira. E como tinha origens indígenas, Luis Carlos virou Índio. E ele fez jus ao sangue guerreiro, ao demonstrar coragem em retomar a carreira, após dois anos longe da bola. “

Eu já tinha parado por causa de lesão. Tinha desistido. O futebol não é como as pessoas pensam. Às vezes falta dinheiro até da passagem,isso vai desanimando a gente”. Neste intervalo, Índio se arriscou na vida de modelo e até gravou um comercial com Neymar. “Era bico, fazia eventos, comerciais. Mas minha vida é o futebol. Não me vejo fazendo outra coisa. Vamos ver o que aparece este ano. Se não pintar nada vou trabalhar e estudar. Mas pelo menos terei certeza que tentei ate o fim”.

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