Rio - Maior templo de futebol do mundo, o Maracanã passa pela maior crise da sua história. Em 2017, o estádio foi utilizado apenas para a estreia do Flamengo na Libertadores contra o San Lorenzo, no dia 8 de março. Sem acordo com nenhum clube ou empresa, a concessionária que administra o estádio o mantém fechado a espera de um desfecho para o Maraca voltar a se utilizado. Enquanto isso, clubes e torcedores pagam pela má administração de um dos maiores cartões postais do Rio de Janeiro.
Nas últimas décadas, o Maracanã passou por três reformas. Na primeira, em 1999, o estádio teve a sua capacidade reduzida por conta de acentos que foram colocados nas regiões das arquibancadas. Na ocasião, o estádio, que tinha capacidade para até 200 mil torcedores, passou a comportar pouco mais de 103 mil pessoas. Em 2007, por conta dos Jogos Pan-Americanos, o estádio perdeu uma das suas maiores marcas: a geral. O campo sofreu um rebaixamento e cadeiras foram colocadas no lugar do antigo setor. O Maracanã passou a comportar 90 mil pessoas.
Para a Copa do Mundo de 2014, o estádio passou pela sua maior reforma. Para se tornar uma arena no 'padrão Fifa', foi executado um projeto que substituiu a cobertura original do estádio, de concreto, que foi inteiramente demolida. A nova membrana tensionada cobre 95% dos assentos. As novas cadeiras seguiram um padrão de cores, com o amarelo próximo do campo, seguido por tons de azul e branco distribuídos quase aleatoriamente em setores mesclados. Os camarotes, instalados acima da atual arquibancada para o Mundial de Clubes de 2000, foram demolidos e deram lugar a uma nova arquibancada e a dimensão do campo passou a ser de 105 por 68 metros. A capacidade do estádio passou a ser de de pouco mais de 78 mil torcedores.
Antes administrado pelo governo do Estado do Rio de Janeiro, o estádio acabou sendo concedido a um Consórcio de empresas liberado pela Odebrecht. Após os Jogos Olímpicos de 2016, o consórcio não aceitou realizar a administração do estádio, alegando que ele não estava nas condições em que havia sido cedido. Com isso, o governo do Estado do Rio de Janeiro encaminhou pedido para uma nova licitação.
Denúncias de fraudes na licitação do Maracanã
O Tribunal de Contas do Estado do Rio (TCE-RJ) concluiu após investigações superfaturamento da obra de reforma do estádio do Maracanã para a Copa do Mundo de 2014 de R$ 211 milhões em valores atuais. Os recursos foram desviados em serviços e produtos. O tribunal determinou a suspensão dos pagamentos às empreiteiras em outros contratos com o governo do Estado do Rio.
As investigações apontam termos aditivos suspeitos e gastos em duplicidade. Ao todo, o contrato teve 16 termos aditivos. A reforma foi feita pelo Consórcio Maracanã, vencedor da licitação e formado pelas empreiteiras Odebrecht, Andrade Gutierrez e Delta Engenharia. O orçamento original foi elevado de R$ 700 milhões para R$ 1,2 bilhão.
Os documentos do TCE mostram que as irregularidades na reforma teriam começado no projeto básico. O tribunal considera o documento impreciso, "acarretando significativas modificações entre o projeto básico e o executivo". Além disso, vários itens da planilha de custos acabaram sendo alterados.
Empresas negociam administração
Com a saída do Consórcio liderado pela Odebrecht, outras empresas se manifestaram com o interesse de administrar o Maracanã. O grupo francês GL events e chinês Chime Sports Marketing (CSM) se tornaram parceiros de Flamengo e Fluminense. Porém, após negociarem com a Concessionária Maracanã, essas empresas acabaram desistindo. No momento, o grupo francês Lagardère aparece como favorito para administrar o estádio. O Flamengo já divulgou uma nota oficial afirmando que não irá negociar com os franceses.