Por jessyca.damaso

Espanha - Ángel Maria Villar, grande nome do futebol mundial e um dos últimos herdeiros da Era Blatter na Fifa, foi preso na Espanha. O presidente da Federação Espanhola de Futebol e membro da Fifa foi detido nesta terça-feira, em Madri, em uma operação anticorrupção. Seu filho, Gorka Villar, também foi preso. Ele havia sido o número 2 da Conmebol.

Ángel María Villar é presidente da Federação Espanhola de Futebol desde 1988Divulgação Uefa

A operação contra a corrupção no futebol espanhol está sendo liderada pelo juiz Santiago Pedraz, que investiga suspeitas de falsidade em documentos públicos, administração desleal, apropriação indevida e possível roubo de bens.

"Essas pessoas vinculadas à federação poderiam ter sido beneficiadas, por meio de diferentes empresas, em prejuízo à Federação Espanhola de Futebol", informou o comunicado da Justiça espanhola. A operação de busca ocorre em dez endereços, inclusive na sede da federação de futebol. "Estão previstas detenções policiais", afirmou a nota judicial.

Entre as investigações está o desvio de 1,5 milhão de euros (aproximadamente R$ 5,5 milhões) que a federação deveria usar para fins de desenvolvimento em países pobres, inclusive na Líbia e Haiti.

Villar ainda é suspeito de ter feito desembolsos para garantir sua eleição como presidente da federação. Em maio, ele foi eleito pela oitava vez e já está há quase 30 anos no poder.

Na Fifa, ele se recusou a cooperar com as investigações sobre a compra de votos para a eleição das sedes das Copas do Mundo de 2018 e 2022.

Seu filho, Gorka, também é suspeito de fazer parte de um esquema pelo qual empresas de consultoria seriam usadas para desviar dinheiro da renda de jogos da seleção da Espanha em seu auge de campeã do mundo. Uma partida entre Espanha e Coreia do Sul, no ano passado, também está sob suspeita.

Escutas realizadas durante três meses ainda indicaram que Gorka, mesmo sem um cargo oficial, mantinha amplo controle da entidade comandada pelo seu pai.

Na América do Sul, Gorka foi suspeito de ter participado de um esquema de corrupção na Copa Libertadores e que também envolvia a ameaça aos clubes que tentassem questionar o sistema. Segundo o auto do processo contra a Conmebol no Uruguai, os times chegaram a ser ameaçados de serem expulsos dos torneios internacionais.

O ex-presidente da entidade, Eugenio Figueredo admitiu diante de um juiz no final de 2015 que as ameaças ocorreriam graças às ligações de um de seus diretores, Gorka Villar, com a cúpula da Fifa.

Segundo Figueredo, Villar enviava à Associação Uruguaia de Futebol (AUF) "notas intimidatórias que eram ratificadas pela Fifa". Elas afirmariam que os clubes poderiam ser suspensos e que até a AUF poderia ficar de fora de torneios. Segundo os jornais paraguaios, Villar entrou na Conmebol durante uma noite e, com assessores, destruiu parte dos arquivos da entidade.

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