Rio - A chegada de Reinaldo Rueda no Flamengo não foi vista com bons olhos pelo técnico Jair Ventura, do Botafogo. Durante uma entrevista ao programa Boa noite Fox, da 'FOX Sports', o comandante alvinegro falou que a vinda de treinadores estrangeiros para clubes brasileiros é ruim para o mercado do futebol.
"Para o mercado isso é muito ruim, porque parece que não temos profissionais capacitados pra trabalhar dentro do nosso próprio país. Isso é muito ruim para a gente, principalmente para a gente que está começando. Hoje eu não posso trabalhar no exterior porque eu não tenho a licença e qualquer pessoa pode chegar e trabalhar no brasil, então isso não é legal", disse Jair Ventura.
Apesar de achar que a contratação não é boa para o mercado, Jair Ventura relembrou seu encontro com Rueda na fase de grupos da Copa Libertadores, onde o Botafogo enfrentou o Atlético Nacional, atual campeão da competição continental, e ressaltou as qualidades do treinador colombiano.
"Respeito a decisão de quem fez. Acho ele um grande treinador, enfrentei na fase de grupos da Libertadores. Foram dois grandes jogos, equipe organizada, diversas situações táticas... Consegue ver que é o trabalho do treinador. Acho até que ele pode dar certo", declarou o treinador alvinegro.
Em nota oficial divulgada nesta segunda-feira, o treinador do Botafogo afirmou que talvez não tenha sido bem entendido nas declarações. Jair negou ter qualquer problema com estrangeiros e citou os comandados no Glorioso como exemplo disso.
Leia o comunicado enviado pelo técnico na íntegra
"Observando a repercussão de minha declaração sobre a contratação do treinador colombiano Reinaldo Rueda, avaliei que talvez não tenha sido bem claro quando me expressei.
Quero esclarecer que acho legítimo o direito de qualquer clube brasileiro contratar um treinador estrangeiro. Há muitos profissionais competentes em outros países, com condições de repetirem aqui o sucesso que tiveram em outros lugares, como é o caso de Reinaldo Rueda, que tem um currículo admirável.
O que questiono e me deixa triste é ver que treinadores brasileiros são vistos com desconfiança e encontram dificuldades para trabalhar no exterior. Além de questões legais, como não reconhecimento de nossa habilitação profissional no mercado europeu. Nossa licença não é aceita na Europa, ao contrário da dos argentinos, por exemplo. Temos que refletir, discutir e buscar maneiras de mudar essa situação.
E como posso criticar os estrangeiros, se convivo com vários no Botafogo? Eu mesmo morei mais de nove anos fora do país quando jogador e tive essa vivência. Reitero que defendo uma maior valorização dos treinadores brasileiros, de competir em igualdade de condições com os estrangeiros no mercado externo. Infelizmente, a nossa licença ainda não nos dá esse direito.”