A CBF lançou oficialmente nesta sexta-feira o modelo de concorrência que estabeleceu para a venda dos direitos de transmissão dos jogos da seleção brasileira realizados em solo nacional no período entre novembro deste ano e a Copa do Mundo de 2022, no Catar.
A entidade dividiu a comercialização dos direitos em dois pacotes, sendo um no qual cobrará um valor mínimo de US$ 3,5 milhões por jogo (cerca de R$ 9,1 milhões) para transmissões em TV fechada e aberta. Já no outro pacote, voltado para as mídias digitais, o preço mínimo fixado foi de US$ 500 mil (aproximadamente R$ 1,56 milhão) por partida.
Ao total, serão 37 confrontos comercializados até o Mundial catariano, sendo nove deles disputados no Brasil pelas Eliminatórias entre 2019 e 2021, além de outros 28 amistosos internacionais do time nacional previstos para ocorrer entre o final de 2017 e o ano de 2022, estes dentro e fora do País.
Se for levado em conta o fato de que cada partida é vendida por uma receita total (somada em dois pacotes) de US$ 4 milhões (cerca de R$ 12,5 milhões), isso representa que o total de 37 duelos valerá um montante mínimo de US$ 148 milhões (algo em torno de R$ 462,5 milhões na cotação atual) à CBF.
Como este montante está dividido em cinco anos, a entidade que comanda o futebol nacional poderá faturar, em média, pelo menos R$ 92,5 milhões por ano pela comercialização das partidas da seleção brasileira. A divisão destes jogos foi distribuída da seguinte forma: pelas Eliminatórias da Copa do Catar serão dois confrontos em 2019, quatro em 2020 e três em 2021. Já os amistosos serão dois em 2017, dez em 2018, seis em 2019, dois em 2020, quatro em 2021 e quatro em 2022.
Outro fato importante confirmado no lançamento do novo modelo de concorrência dos jogos da seleção é o de que a comercialização dos direitos de transmissão será feita em um mesmo pacote para TV aberta e TV fechada, em uma estratégia adotada pela Synergy Football AG, agência de marketing esportivo contratada para assessorar a CBF neste processo.
Patrick Murphy, CEO desta agência, esteve presente no evento desta sexta ao lado do diretor de competições da CBF, Manoel Flores, e explicou que o modelo de venda única de jogos da seleção dentro de um mesmo pacote para TV aberta e fechada foi escolhida, em conjunto com a entidade, após os dois parceiros chegarem à conclusão de que estes canais "têm diferentes níveis de alcance entre eles". E, caso os direitos fossem vendidos separadamente, as emissoras iriam afetar as suas respectivas audiências como concorrentes.
E o trabalho realizado pela empresa contratada pela CBF foi defendido por Manoel Flores, que enalteceu o formato inédito adotado pela entidade para negociar os direitos das partidas do time nacional, que antes estavam sob o monopólio da TV Globo.
A poderosa emissora passou a enfrentar neste ano uma concorrência que não tinha há décadas na obtenção dos direitos de transmissão dos jogos da seleção, sendo que, em junho passado, deixou de transmitir dois amistosos que o time comandado por Tite disputou contra Argentina e Austrália, em solo australiano, após não entrar em acordo com a CBF. Na ocasião, a Globo se manifestou publicamente contra o modelo de venda avulsa das partidas que passou a ser adotado pela entidade
"Esse é um momento muito importante para a CBF. Será a primeira vez que a atual gestão da entidade tratará da comercialização de direitos dos jogos da seleção brasileira. Todo esse processo está sendo pautado nas melhores práticas. Nós mapeamos os melhores players deste mercado e chegamos à Synergy, que une três elementos primordiais: experiência no ramo, eficiência e transparência. É um grande orgulho lançar esse processo", afirmou o dirigente nesta sexta.
COMO SÃO OS PACOTES
Ao apresentar como serão os pacotes, a CBF explicou que o A dá ao vencedor da concorrência o direito de transmitir todos os jogos da seleção em todas as plataforma de televisão (aberta, fechada, pay-per-view etc) e digitais(internet, OTT, Mobile, aplicativos, mídias sociais etc)
Já o pacote B, que será comercializado pelo valor mínimo de US$ 500 mil por jogo, garante ao ganhador o direito de transmitir todas as partidas nas plataformas digitais, sendo que este segundo pacote não possui direitos exclusivos de exibição dos jogos da seleção, pois o pacote A já engloba as mídias digitais
Murphy, por sua vez, ressaltou que os custos de produção para transmissão das partidas não está incluído nos valores mínimos estipulados para a venda dos pacotes, sendo que a CBF enfatizou também nesta sexta que "é fundamental a disponibilização do conteúdo seleção brasileira em todas as plataformas (TV e digital)".
"Para isso, estão sendo convidados distribuidores de conteúdo atuantes no mercado brasileiro. Todas as ofertas recebidas serão avaliadas com base em uma série de critérios de avaliação como valor ofertado e capacidades de pagamento, de distribuição, de produção e de promoção. O prazo final para envio de ofertas será no dia 19 de setembro próximo, às 11h. As ofertas serão encaminhadas à renomada empresa internacional de consultoria Big-4 Ernst & Young, que fará o recebimento e a abertura das ofertas feitas pelos participantes", informou a entidade por meio de nota publicada em seu site oficial.