Madri - Não é novidade para ninguém que Cristiano Ronaldo é movido por conquistas, sejam individuais ou coletivas e, desde pequeno, nutriu a obsessão por títulos. Em suas palavras nas entrevistas, gestos e atitudes, o jogador do Real Madrid nunca escondeu sua obsessão em querer ser o número 1. Em "The Player's Tribune", site norte-americano que cede espaço para as estrelas do esporte mundial contarem suas histórias, o craque foi mais a fundo em sua história de vida para contar sua origem na Ilha da Madeira até chegar ao topo do futebol mundial e se tornar o fenômeno de títulos e mídia que é hoje.
O relato parte do início da vida do jogador português no futebol, aos 7 anos, na Ilha da Madeira. Depois, segue para a mudança para Lisboa aos 11 anos para jogar nas categorias de base do Sporting e, especialmente, a relação com a família. Com o pai, roupeiro de um clube pequeno, e com a mãe e irmã, e como começou o sonho de ser o melhor do mundo.
"Eu me recordo desta época com nostalgia, porque durou pouco. O futebol me deu tudo, mas também me tirou de casa quando não estava realmente preparado. Tinha 11 anos no dia em que me mudei da Ilha para a academia do Sporting. Foi a etapa mais difícil da minha vida", recordou.
Apesar de se destacar entre os garotos do time, o atacante do Real Madrid tinha um problema: era muito pequeno e franzino e isso poderia o atrapalhar no jogo. Sabendo disso, moldou sua mente para antecipar etapas e pensar sempre à frente. Passou a treinar por mais tempo e com mais intensidade que os outros companheiros de time e apenas com um objetivo em vista: ser o melhor do mundo.
"Não sei de onde vem este sentimento. É algo que está dentro de mim, é como uma sensação de fome que nunca se vai. Quando você perde, é como se estivesse morrendo de fome. E quando ganha, também está morrendo de fome, mas comeu uma migalha de pão. Essa é a única maneira que posso explicar", explicou.
A fixação do atleta só foi aumentando à medida que os anos passavam. Aos 15 anos, ainda na base do Sporting, disse aos colegas: "Algum dia serei o melhor jogador do mundo". Seus colegas riram, mas ele ignorou o deboche. Aos 17 anos, quando se tornou profissional, procurou um médico para receitar tranquilizantes à mãe, que não conseguia assistir aos jogos do filho de tão nervosa que ficava.
Jogar no Campeonato Inglês, principalmente pelo Manchester United, estava entre os sonhos do português. Quando isso se tornou realidade, Cristiano Ronaldo lembra que ficou muito orgulhoso de si mesmo, mas quem mais vibrou foi a família. "Quando eu virei em jogador do Manchester, foi um momento de máximo orgulho para mim. Mas creio que foi mais para a minha família."
O craque enumerou os tantos momentos de glória que teve no futebol, especialmente no Real Madrid, clube pelo qual mais conquistou troféus. Um deles, em especial, o marcou mais, pela relação com o filho.
"Há um momento com meu filho que ficará gravado para sempre em minha memória. Quando me lembro, eu me emociono. Este momento acontece logo depois de ganhar a final da Liga dos Campeões, em Cardiff. Acabávamos de fazer história. Depois do apito final, senti que havia mandado uma mensagem ao mundo. Mas então meu filho entrou em campo para celebrar comigo e a emoção mudou instantaneamente. Ele estava correndo de um lado para o outro com o filho do Marcelo. Agarramos o troféu juntos. E depois passeamos pelo campo de mãos dadas."
O relato termina com os anseios que o jogador do Real Madrid ainda tem. "O sonho do menino. Talvez agora você entenda tudo. Ao final, é claro, minha missão segue sendo a mesma. Quero seguir quebrando todos os recordes com o Real Madrid. Quero ganhar todos os títulos possíveis. Esta é minha natureza. Esta é minha forma de ser."