França - Aos 40 anos, no crepúsculo da carreira, o brasileiro Vitorino Hilton é o líder no Montpellier da melhor defesa do Campeonato Francês, com apenas 8 gols sofridos em 13 jogos, conseguindo conter ataques de peso como do PSG e do Monaco.
A notável volta de Hilton, ausente em agosto, coincidiu com o novo sistema de jogo e a melhora no ânimo do novo técnico da equipe, Michel Der Zakarian, ex-zagueiro do Nantes e do próprio Montpellier.
A volta do capitão e a chegada do treinador foram chave na metamorfose de uma equipe que sofreu 66 gols na temporada passada, quando flertou com o rebaixamento.
No coração de uma defesa renovada por 'Der Zak', o zagueiro brasileiro, que soma mais de 400 jogos na Ligue 1, desafia o tempo.
"Às vezes eu estou um pouco louco, mas eu não sinto que tenho 40 anos. É só um ano a mais, não muda nada para mim. Quando tinha 22 anos, tinha como objetivo jogar até os 40. Hoje, alcancei essa barreira, vejo que ainda sinto prazer e que me sinto bem", analisou Hilton.
Apaixonado por futebol desde sua infância em Brasília, o zagueiro é um exemplo de vida saudável. "Além do modelo que é para todos, por seu profissionalismo, é muito positivo por sua maneira de viver e ver tudo com muito otimismo", elogiou o meia do Montpellier Paul Lasne.
Após iniciar a campanha no Campeonato Francês com quatro pontos somados em cinco jogos e sofrer com o luto pela morte do carismático presidente do clube Louis Nicollin, Hilton se recuperou de uma lesão na coxa para trazer ao Montpellier todo seu entusiasmo e restaurar a ordem numa equipe que sofreu com as muitas mudanças na pré-temporada.
Diretor do baile
Recuperado, o zagueiro revelado pelo Paraná e que na França já defendeu Bastia, Lens e Olympique, reconquistou seu lugar de titular, se tornando peça-chave na escalada do Montpellier na tabela, passando da 17ª colocação para o atual 8º lugar.
Desde o ponto somado em casa, no Stade de la Mosson, contra o PSG (0-0), um empate fundamental, Der Zakarian optou por uma linha de cinco na defesa. Naquele dia, antecipando uma possível tormenta diante do forte ataque do clube parisiense, o técnico sacrificou um atacante para montar uma zaga sólida.
No coração desta defesa, Hilton dirige o baile e é encarregado da saída de bola. "Esta organização de jogo convém a Vito (como é carinhosamente chamado o zagueiro brasileiro), mas também ao perfil da equipe", informou Der Zakarin.
"Isso lhe permite fazer menos esforço e limitar suas corridas, apesar dele ter uma ótima saúde", completou o treinador.
Capitão há cinco temporadas e líder respeitado no vestiário, Hilton é um dos poucos jogadores sobreviventes do espetacular título francês conquistado em 2012 diante do poderoso PSG.