"O Flamengo  significa muita coisa. Eu sou torcedor de arquibancada, daquela geração vitoriosa
de Zico, Júnior, Adílio, Andrade, Nunes", afirmou - Daniel Castelo Branco
"O Flamengo significa muita coisa. Eu sou torcedor de arquibancada, daquela geração vitoriosa de Zico, Júnior, Adílio, Andrade, Nunes", afirmouDaniel Castelo Branco
Por ANA CARLA GOMES

Rio - Aos 42 anos, Marcelinho Machado tem vivido grandes emoções na carreira. Decidido a se aposentar ao fim da temporada pelo Flamengo, ele tem recebido homenagens até mesmo dos adversários contra os quais joga pelo Novo Basquete Brasil (NBB).

Neste sábado, às 20h, diante do Minas, na Arena Carioca 1, na Barra, será dia de mais um momento marcante na sua trajetória: o ala vai completar 500 partidas oficiais pelo Rubro-Negro.

“O Flamengo significa muita coisa. Eu sou torcedor de arquibancada, daquela geração vitoriosa de Zico, Júnior, Adílio, Andrade, Nunes... Só de poder fazer história com a camisa do Flamengo já é muito gratificante. Ter o reconhecimento desses caras que são meus ídolos de infância não tem preço. É difícil alguém conseguir escrever o nome na história do clube de coração. Se tivesse que escrever um livro, seria muito próximo do que vivi. São emoções que vou guardar para o resto da minha vida”, afirma Marcelinho.

Através do departamento de comunicação do clube, ele tem recebido muitas homenagens. “A cada semana tem um depoimento e no do Zico ele me chamou de amigo. Na outra vez, foi dia do Júnior, outro cara que veste a camisa como ninguém. Mais do que

os títulos, que foram muitos, eu fico com esse reconhecimento e essa história linda que consegui fazer no Flamengo”, destaca o ala.

Marcelinho começou a carreira na base do Flamengo e voltou à Gávea em 2007, após a conquista de sua terceira medalha em Jogos Pan-Americanos, no Rio. Esta é sua 11ª temporada pelo clube rubro-negro. Uma das mais especiais foi a de 2014, com a conquista invicta da Liga das Américas e também da Copa Intercontinental, em casa, levando a torcida à loucura:

“Eu não gosto de fazer uma comparação de um ano com outro. Quando eu cheguei ao Flamengo, queria conquistar títulos com o clube, primeiro a nível nacional e depois internacional. Mas lógico que o ano de 2014 foi perfeito.”

ÚLTIMOS MOMENTOS

Administrar tantas emoções na temporada de despedida é um desafio. “Estou me sentindo lisonjeado de receber essas para o resto da minha vida’ homenagens. A homenagem dos adversários toca de maneira diferente porque a gente está tão acostumado a competir, mas existe um grande respeito por trás de tudo isso”, diz ele, contando que tem tentado curtir os últimos momentos: “Por outro lado, estou me sentindo mais leve. Eu sempre fui um cara muito focado no jogo. Não que eu não esteja, mas em certos momentos eu consigo dar aquela ‘saidinha’ e dar uma olhada em volta, curtindo pela última vez aquilo”.

No dia 17 de fevereiro, Marcelinho enfrentou o irmão, Duda, na vitória do Flamengo sobre o Bauru: “Talvez o jogo contra o

Duda tenha me tirado um pouco mais do controle, principalmente no início. Fora isso, estou levando de uma forma bastante natural. Estou feliz por jogar a minha última temporada da maneira que eu sempre quis, que é rendendo.”

Aos 42 anos, o ala diz que a força mental foi fundamental na sua trajetória e, ao fazer um balanço de sua carreira, ele não se sente no direito de se lamentar:

“NBA era uma vontade que eu tinha. Mas, se eu dissesse que faltou alguma coisa na minha carreira, estaria sendo injusto com tudo o que eu vivi”.

Se a NBA não veio, o sonho olímpico foi realizado. A conquista da vaga no Pré-Olímpico de Mar del Plata, em 2011, foi um dos momentos mais marcantes de sua trajetória.

“Desde 1999, eu vinha lutando para conseguir o que todo atleta sonha, que é jogar uma Olimpíada e em 2011 a gente conseguiu. Chegamos um pouco desacreditados. A gente fez um trabalho muito bom. Foi a realização de um sonho”, constata, recordando os Jogos de Londres-2012.

“Eu brinco sempre: todo atleta deveria jogar uma Olimpíada e toda criança deveria conhecer a Disney. É u ma emoção única, não tem como descrever. Em Londres, eu estava no dia que o Phelps, na época, tinha batido o recorde de medalhas. Era a 19ª medalha dele”, relembra.

Com um projeto social previsto para ser lançado em abril e disposto a se manter no esporte após a aposentadoria do basquete, praticando tênis, futebol ou corrida, Marcelinho já projeta a última partida da carreira:

“Vai ser difícil. Na hora em que chegar o último jogo mesmo, que espero que seja numa final, quero estar 100% focado no que presenta uma decisão pelo Flamengo. Se conseguir focar da maneira que tem que ser, essa ficha vai cair depois que acabar o jogo.”

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