Renato Augusto estará presente na Copa do Mundo - Pedro Martins / MoWa Press
Renato Augusto estará presente na Copa do MundoPedro Martins / MoWa Press
Por ANA CARLA GOMES

Rio - Renato Augusto ainda se lembra das ruas próximas ao Maracanã sendo pintadas de verde e amarelo e da sua época de torcedor pela TV, quando imaginava estar no lugar dos craques que via pela telinha. Aos 30 anos, a sua vez de ser protagonista chegou: o meia é cotado para ser titular na estreia do Brasil no Mundial da Rússia, no dia 17 de junho, contra a Suíça. O hexa pode vir com Tite, com quem foi campeão brasileiro no Corinthians em 2015 e a quem rende elogios. Os tempos difíceis, de lesões, quando chegou a pensar em parar de jogar, ficaram para trás.

O jogador Renato Augusto durante o primeiro treino da Selecao Brasileira realizado no CT Joaquim Grava em Sao Paulo, antes do jogo contra o Uruguai pela decima terceira rodada das eliminatorias sul-americanas para a Copa da Russia de 2018. - Pedro Martins / MoWa Press

O DIA: Aos 30 anos, com um ouro olímpico no currículo, você está prestes a disputar a sua primeira Copa do Mundo. Como você analisa o seu atual momento na carreira?

RENATO AUGUSTO: Graças a Deus, vivo meu melhor momento, tanto físico quanto técnico, desde 2015, pelo Corinthians, com uma boa sequência de jogos, sem lesões. Tudo isso pela importância de sempre ter um profissional ao meu lado, com um treinamento personalizado além do que eu faço no clube. Essa preocupação que eu sempre tive em me cuidar, principalmente quando fui jogar fora do Brasil, é o que tem feito a diferença na minha carreira.

O DIA: Carioca criado na Tijuca, você tem alguma recordação especial como torcedor assistindo a uma Copa do Mundo?

RENATO AUGUSTO: Lembro mais quando eu era moleque, e morava perto do Maracanã. Bons tempos em que as pessoas saíam e se mobilizavam para pintar as ruas de verde e amarelo. A primeira Copa que tenho mais lembrança, de acompanhar e torcer pela TV, é a de 98, quando eu tinha 10 anos. Sempre fui muito ligado nos jogos da Seleção e, ao me tornar jogador, sempre quis um dia poder estar lá também e representar o Brasil.

O DIA: Você acredita que o trabalho que mostrou até agora na seleção brasileira o credencia para ser titular na estreia contra a Suíça, no dia 17 de junho? Como vê o crescimento dos outros jogadores da sua posição?

 

Renato Augusto - Reprodução

RENATO AUGUSTO: Quem decide isso é o Tite, em cima do trabalho que fazemos nos clubes e no dia a dia da Seleção. Teremos um bom tempo de preparação até a Copa e jogarão aqueles que estiverem num melhor momento. Sirvo a Seleção para ajudar no que for preciso. É claro que todos querem jogar, mas temos que ajudar uns aos outros e apoiar quem entrar. O grupo que estará na Rússia é dos mais qualificados e todos têm totais condições de jogar. O nível é muito alto. Bom para o Brasil.

O DIA: Você trabalhou com o técnico Tite no Corinthians, sendo peça-chave na campanha do título brasileiro de 2015. Qual a importância do trabalho com o Tite para o seu crescimento na carreira?

RENATO AUGUSTO: Realmente, meu futebol cresceu muito com o Tite, que foi muito importante pra mim tanto dentro quanto fora de campo. Evoluí muito como jogador e como pessoa convivendo com ele. Sempre me deu liberdade para conversarmos sobre tática, o que me fez crescer também. Além de um grande treinador, muito estrategista, é uma pessoa admirável, de fino trato com todos os jogadores. O ambiente com ele sempre foi o melhor possível pela maneira como conduz tudo.

O DIA: Você chegou à China em fevereiro de 2016 para jogar no Beijing Guoan. O fato de atuar numa liga não tão visada quanto às europeias o deixou preocupado em não ser lembrado para a seleção brasileira?

 

O jogador Renato Augusto durante o primeiro treino da Selecao Brasileira realizado na Granja Comary em Teresopolis, antes do jogo contra a Bolivia pela decima setima rodada das eliminatorias sul-americanas para a Copa da Russia de 2018. Foto - Pedro Martins / MoWa Press - Pedro Martins / MoWa Press

RENATO AUGUSTO: Minha preocupação era se eu estaria logo na primeira lista quando já estava na China. Quando fui convocado pelo Dunga, sabia que teria que ir bem para mostrar que tinha condições de permanecer na Seleção. Fiz o gol sobre o Uruguai, fui bem também contra o Paraguai e continuei sendo convocado. O mais importante é que sempre busquei me manter em alto nível, seja no Brasil, na Alemanha ou aqui na China. E, neste mundo cada vez mais globalizado, as pessoas se falam e veem tudo, buscam informação a todo momento. O Tite e sua comissão estão sempre observando e buscando avaliar todo e qualquer jogador, em todos os centros do futebol.

O DIA: O que foi mais difícil na sua adaptação à China?

RENATO AUGUSTO: O mais difícil na China é o idioma. A linguagem da bola é quase universal, mas era bem complicada a comunicação no início, principalmente dentro de campo. No mais, nunca me faltou nada ou tive qualquer tipo de problema aqui. Moro na capital, a principal cidade do país, e encontro de tudo. Tenho uma vida muito boa. Não tenho do que reclamar.

O DIA: Você conviveu com lesões desde que saiu do Bayer Leverkusen. Qual a importância do trabalho extracampo desenvolvido no Corinthians a partir de 2013 para a continuidade de sua carreira até a sua fase atual?

 

RENATO AUGUSTO: O trabalho que fiz no Corinthians com o Bruno Mazziotti foi muito importante, fundamental. Não trabalhei com ele na China, pois foi para o Shandong Luneng e eu, para o Beijing. Mas tenho um fisioterapeuta comigo aqui, bom demais também, que é amigo dele. E o Bruno ainda supervisiona o trabalho. E sempre deu muito resultado. Começou em 2013, ano difícil, quando até passou pela minha cabeça encerrar a carreira, até chegar 2015, meu melhor ano, da plenitude física, técnica, tática e psicológica.

O DIA: Como você analisa os primeiros adversários do Brasil na Copa: Suíça, Costa Rica e Sérvia?

RENATO AUGUSTO: Não teremos vida fácil. Logo na estreia, que é um jogo-chave, por toda a expectativa, teremos uma Suíça que se caracteriza pelo forte sistema de marcação. Depois, enfrentaremos a Costa Rica, dona de um estilo que se assemelha ao do futebol sul-americano, mais leve. E fechamos contra a Sérvia, uma escola mais ofensiva, de jogadores mais técnicos, como o brasileiro. Três adversários diferentes nas suas características, que merecem respeito.

O DIA: Seu filho, Romeo, nasceu em janeiro, no Brasil, mas você teve que retornar à pré-temporada do Beijing Guoan em Portugal e, depois, para a China. Como tem acompanhado os primeiros meses dele a distância?

RENATO AUGUSTO: Posso dizer que tem sido bem difícil ficar longe dele. Sou pai de primeira viagem e a saudade que sinto é enorme. Não vejo a hora de chegar ao Brasil (ele desembarca hoje) e rever meu filho e minha esposa. Nós nos vemos e nos falamos todos os dias, mas por vídeo. Não é fácil. Ganhei somente três dias de folga na pré-temporada para acompanhar o nascimento. Ainda conseguimos nos ver depois no Ano Novo Chinês, quando pude voltar ao Brasil. Ele já estava com um mês. Mas esse momento duro já passou, felizmente. Eles estarão comigo agora no Rio e na Rússia. E a vida segue seu rumo normal depois na China, com todos juntos.

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