Campeã olímpica de vôlei, Tandara mostra sua garra dentro e fora das quadras
No Dia Internacional da Mulher, oposta revela suas várias facetas, dentro e fora das quadras, com força, alegria e paixão
Por ANA CARLA GOMES
Rio - Sua potência ofensiva já virou marca registrada nas quadras. Recentemente, Tandara voltou a fazer história com os impressionantes 40 acertos que levaram o Sesc RJ ao título da Copa Brasil diante do Dentil-Praia Clube (MG), dando a ela o status de recordista de pontos uma competição com a chancela da Confederação Brasileira de Vôlei. Mas basta falar de Maria Clara, de 4 anos, sua filha com o ex-jogador Cleber de Oliveira, para a oposta, de 31 anos, conhecida pela eficiência dos seus ataques, mostrar uma outra versão, tão forte quanto nos ginásios, mas facilmente desarmada pelo amor da filha que mudou completamente sua vida.
Neste Dia Internacional da Mulher, Tandara revela as várias versões de uma guerreira que encantou torcedores dos maiores rivais da modalidade no país, em Osasco (SP) e no Rio, e que se reveza entre afazeres domésticos e a maternidade, ao mesmo tempo em que segue firme no batente, alimentando o sonho de estar nos Jogos de Tóquio.
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"Realmente é uma maratona. No começo apanhei um pouquinho para saber dividir a Tandara mãe, a esposa, a atleta e a dona de casa. Eu vou ao mercado, quando tenho folga eu gosto de levar a Maria Clara na escola... E tenho que vir ao treino e dar o meu melhor. No começo, compensava mais para um lado", conta Tandara.
PARTO HUMANIZADO
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Para viver o momento mágico de toda mulher que sonha em ser mãe, Tandara optou pelo parto humanizado: "Brinco que, se tivesse mais 65 filhos, seriam todos de partos humanizados. Planejei dessa forma desde que descobri que estava grávida, principalmente pelo momento da Olimpíada de 2016. Queria participar, mas infelizmente não deu. Mas deixei ocorrer tudo o mais natural possível, respeitando o momento do nascimento dela. Curti cada momento das minhas 28 horas de trabalho de parto. Não me arrependo de maneira nenhuma, minha filha nasceu saudável, no tempo dela. Foi um momento mágico. Foi paixão à primeira vista. Sou apaixonada para ela. Falo para ela que ela é minha vida".
Como muitas mulheres, Tandara teve dificuldades para voltar ao trabalho após a maternidade. E mal teve tempo para se dedicar somente à filha, por conta do sonho de estar na Rio-2016: "Ela nasceu dia 13 de setembro e, no dia 21 de outubro, eu já estava em Belo Horizonte, no Minas, com o time. Mas comecei a saltar mesmo no dia 1º de novembro. Foi um momento muito difícil".
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A vaga para a Rio-2016 não veio. Mas Tandara aproveitou como uma forma de aprendizado:"Infelizmente fui o último corte. Fiquei muito triste no primeiro momento, não entendi o porquê. Serviu para que amadurecesse cada vez mais e para me dar mais de paciência para entender as coisas. Querendo ou não, não ir para a Olimpíada de 2016 foi um aprendizado grande".
Nova história após lesão na China
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No Sesc RJ, Tandara vive a experiência de ser comandada pela primeira vez pelo técnico Bernardinho. A temporada pelo time carioca, vice-líder da Superliga feminina, marca sua volta aovôlei brasileiro depois de uma passagem pelo Guangzhou Evergrande, da China, quando sofreu uma lesão no tornozelo esquerdo.
"Vim de um momento de 2019 muito difícil, porque torci o pé. Foi uma torção muito grave e ali naquele momento, em relação à lesão, achava que não voltaria a jogar. Isso dá até um frio na barriga de falar. Depois que voltei, entrei em depressão por conta da lesão. Mas consegui me reerguer. Eu me apeguei muito a Deus", lembra. "Agora é bola para frente, com alegria e trilhando uma nova história", decreta., decreta.
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Sonho de brilhar em Tóquio
O recorde de 40 pontos na final da Copa Brasil pegou até Tandara de surpresa. A oposta não sabia exatamente qual havia sido sua pontuação ao fim da partida:"Estava tão focada na vitória que nem me liguei em número, só em colocar a bola no chão. Mas fico muito feliz. Venho vivendo um momento muito mágico no Sesc, de desafios e de crescimento que realmente estava buscando".
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Ela destaca a experiência com Bernardinho: "Ele vem me ajudando a cada dia, mostrando que posso cada vez mais, posso ainda crescer e não sei tudo. Mas a temporada ainda não acabou, a gente pode muito mais e eu posso acrescentar muito mais para o Sesc". Seu sonho é ser campeã olímpica em Tóquio como protagonista: "Ganhei uma Superliga no banco e já ganhei uma Superliga jogando. É diferente. Então, quero jogar e que Deus me abençoe para que seja uma das protagonistas. Venho buscando crescimento em relação a isso, tanto físico, psicológico e técnico. Quero estar lá e estou trabalhando muito para que isso aconteça".