Por conta da pandemia da covid-19, Maracanã não recebe público
Por conta da pandemia da covid-19, Maracanã não recebe públicoDaniel Castelo Branco
Por O Dia
Pouco mais de um ano depois, o futebol brasileiro volta a viver a sombra da indefinição por causa de medidas mais restritivas de combate à covid-19 no país. Se no início da pandemia a maioria dos clubes acatou ou até apoiou a decisão de paralisar os campeonatos, no momento em que o Brasil alcança mais de 300 mil mortes pela doença a postura agora é diferente, muito em função do impacto financeiro sofrido no período, o que piorou ainda mais os combalidos cofres das agremiações.
Na eterna crise financeira dos clubes brasileiros, a pandemia de covid dificultou ainda mais. Foram mais de três meses sem competições, o que adiou pagamento de cotas de TV, principal fonte de renda, e afastou patrocinadores. Sem falar na ausência de torcedores desde março de 2020. No campo, o já caótico calendário no país ficou ainda pior, com jogos em sequência e às vezes no período de apenas 48 horas.
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Devido à experiência amarga no ano passado, a mudança de postura em relação à paralisação das competições passa basicamente pelos compromissos comerciais e a questão financeira, ignorando a escalada de casos da doença  no país. E o principal argumento de quem defende a continuidade são os protocolos sanitários para os jogos, com exames contra covid e outras medidas. O que não impediu surtos da doença em praticamente todos os clubes da Série A no ano passado.
O símbolo da nova postura está na CBF. Em 15 de março de 2020, quando começaram a aparecer casos de covid-19 em vários estados, a entidade anunciou a suspensão de todas as competições nacionais por tempo indeterminado, sendo seguida pelas federações (que paralisaram os estaduais até julho muito em função de medidas dos governos locais). "Sabemos e assumimos a responsabilidade do futebol na luta contra a expansão da covid-19 no Brasil", declarou à época o presidente da CBF, Rogério Caboclo.
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Pouco mais de um ano depois e 300 mil mortes, agora é diferente. Em reunião recente com presidentes dos clubes, a qual O DIA teve acesso e divulgou com exclusividade na quarta-feira (23), Caboclo usou tom autoritário e foi contra a paralisação, avisando que os clubes estariam "f..." se parassem, em função da pressão dos contratos de TV e dos patrocinadores. Em nota, a CBF confirmou sua nova posição. "A CBF reitera que a defesa da continuidade do futebol foi posição unânime das 27 federações e dos clubes participantes de todas as séries do futebol brasileiro, sempre seguindo rígidos protocolos de saúde".
CORRIDA POR ESTÁDIOS LIBERADOS
Apesar da posição da CBF, governadores e prefeitos entraram em cena para proibir partidas de futebol ou qualquer evento esportivo enquanto o Brasil bate recordes de mortes por covid-19. Até o momento, 11 estaduais estão paralisados, entre eles o Paulista e o Mineiro - o Catarinense ficou suspenso por 15 dias, mas voltou a ter jogos.
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Mas como a decisão fica a par de cada município ou estado, o que se tem visto nesta semana são buscas desesperadas da CBF e da Federação Paulista  para encontrar estádios  onde não há medidas tão restritivas. Com isso, o Rio virou uma espécie de capital do futebol no atual momento.
Primeira competição a voltar após o hiato de mais três meses em 2020 - com pressão da federação e dos clubes pelo retorno em junho, exceção a Fluminense e Botafogo que foram contra -, o Campeonato Carioca também seguirá na ativa no atual momento, mas de sexta até 4 de abril não poderá utilizar estádios da capital, já que a prefeitura proibiu em decreto.
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Ou seja, os clubes da cidade do Rio irão jogar em Volta Redonda, Bacaxá, Nova Iguaçu e Caxias, aumentando o movimento de pessoas em meio ao crescimento de casos no estado. Para completar, essas cidades já receberam ou receberão jogos do Campeonato Paulista e até da Copa do Brasil, de times de Amazonas, Goiás... E assim, o futebol brasileiro tenta se manter em atividade mesmo correndo riscos.