Projeto de lei exige obrigatoriedade de mulheres e negros como dirigentes de clubes do Rio
Número deverá ser de 30% do total de membros das diretorias
Por O Dia
Rio - O deputado estadual Noel de Carvalho (PSDB) protocolou um projeto de Lei que determina que os clubes de futebol do Estado do Rio tenham negros e mulheres em seus quadros de dirigentes e no corpo técnico. Esse número deve ser de, no mínimo, 30% do total de seus membros.
O projeto está sendo chamado de Lei Bangu em homenagem ao Bangu Atlético Clube pelo seu pioneirismo no combate ao racismo no futebol brasileiro. Em 1905, o time tinha jogadores negros, o que gerou protestos racistas a ponto da Liga Metropolitana de Futebol do Rio de Janeiro decidir, por unanimidade, que os clubes não poderiam mais registrar atletas negros.
O veredito levou o Bangu a sair da liga ficando o time fora do campeonato de 1907. Em 1912, o time voltou às disputas com mais um jogador negro. Nessa época, "entrou em campo" um dos nomes mais importantes nessa luta do clube: o primeiro presidente brasileiro do time Noel de Carvalho, avô do deputado, que lutou pela inclusão dos negros no futebol brasileiro.
O projeto de lei diz que se houver vagas remanescentes, estas serão preenchidas a critério dos clubes. E o não cumprimento da lei acarretará em multa de R$ 50 mil e, havendo reincidência, será cobrado um valor dez vezes maior que o estipulado. A quantia arrecadada com as penalidades deverá ser revertida para o Fundo Estadual de Fomento ao Esporte (Fefe).
“Racismo é crime e isso não cabe mais em nossa sociedade. Qualquer tipo de preconceito é abominável e tem que ser veementemente combatido, principalmente num país de maioria negra como o Brasil. Meu avô foi um dos pioneiros nessa luta dentro dos campos de futebol e ainda hoje, quase 100 anos depois, continuamos nessa batalha. O brasileiro tem verdadeira paixão pelo futebol e muitos sonham em seguir carreira nesse esporte, portanto, esse projeto de lei é mais uma oportunidade de garantirmos uma sociedade melhor para todos”, disse Noel de Carvalho.