Aos 22 anos, Rebeca conquistou o primeiro ouro da ginástica feminina do Brasil nas OlimpíadasAFP
Atento aos cuidados que os atletas precisam ter, o Comitê Olímpico do Brasil (COB) vem reforçando a importância do trabalho de saúde mental com eles e aproveitou o Setembro Amarelo, mês que se refere a uma campanha mundial sobre prevenção ao suicídio, para evidenciar como o esporte pode ajudar a diminuir esse grave problema social.
"Costumamos falar na medicina esportiva que exercício é remédio", diz Ana Carolina Côrte, coordenadora médica do COB. "Os exercícios físicos são muito importantes no progresso da saúde mental da população em geral. Estudos relatam a diminuição da incidência de depressão com a prática de atividades esportivas, por causa de neurotransmissores e hormônios que levam a sentimentos de prazer", continua.
O COB desenvolve um trabalho de longo prazo com os esportistas do Time Brasil e conta com uma equipe de profissionais de saúde mental formada por dez psicólogos, além de um psiquiatra e um coach. Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), o Brasil ocupa o segundo lugar no ranking de países de maior prevalência à depressão, principal fator de risco que leva ao suicídio.
"A saúde mental é um dos pilares mais relevantes dentro do contexto esportivo. Por muito tempo, os cuidados foram voltados ao eixo treino-dieta-sono. No entanto, nas últimas décadas, o tema vem ganhando a devida atenção pela própria influência que exerce nesses âmbitos. Para o atleta, é crucial estar bem consigo mesmo, em harmonia com o meio externo, para ter sucesso na rotina alimentar, na qualidade do sono e no desempenho em treinos e competições", explica Hélio Fadel, psiquiatra que presta serviços ao COB.
O especialista lembra que a saúde mental rege diversos domínios do ser humano e acaba sendo determinante para a evolução ou insucesso do atleta, tanto na qualidade de vida como na performance. "Apesar da prática de atividades físicas ser essencial para a saúde, o alto rendimento é capaz de levar o atleta à exaustão física e mental, de modo que a assistência a esse grupo deve ser a mais completa e humanizada possível", avisa.
Exaustão mental foi o que ocorreu com Simone Biles. E isso poderia ter acontecido com a ginasta brasileira Rebeca Andrade, que lidou com muitas angústias após se contundir mais uma vez gravemente em 2019.
"A psicologia sempre foi muito importante na minha carreira. Ter uma profissional voltada a isso, que entenda a vida do atleta e tudo que o esporte exige, é muito bom. Ela acompanhou os bons e maus momentos da minha carreira e foi fundamental para o meu crescimento na ginástica. Isso me ajudou muito a alcançar meus objetivos e conquistar medalhas em Tóquio. Tudo isso foi um processo, e precisei trabalhar muito para ter certeza que estava pronta", continua a ginasta de 22 anos.
O psiquiatra Fadel lembra que algumas linhas de estudo discutem que, para certos atletas, o alto rendimento é um fator de risco para o surgimento de patologias mentais - e também na potencialização de quadros pré-existentes.
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