Houston - A medalha de ouro da russa Angelina Melnikova no individual geral no Mundial de Ginástica Artística que acontece em Kitakyushu, Japão, encerrou a hegemonia defendida pelos Estados Unidos na modalidade desde 2010. Dona de 25 medalhas em campeonatos mundiais, Simone Biles acompanha o desempenho das compatriotas à distância. Com o futuro indefinido, a estrela que sucumbiu à pressão psicológica e mental nas Olimpíadas de Tóquio revelou nesta quinta-feira que ainda tem medo de repetir muitos dos movimentos que a coroaram no esporte.
Em entrevista ao canal 'NBC', a multicampeã confidenciou que ainda sofre com a sensação de desorientação durante as acrobacias aéreas certos movimentos, chamados 'twisties'. Recordista de títulos mundiais no individual geral, com cinco ouros, a americana, de 24 anos, revelou que ainda não se sente segura para voltar a competir.
"Os twisties vão voltar assim que eu competir novamente. Ainda estou com medo da ginástica", disse Biles.
A sensação de desorientação foi determinante para a decisão da ginasta de desistir da maioria das provas nos Jogos Olímpicos de Tóquio-2020. Insegura, ele se cobrava pelos erros básicos cometidos na execução dos movimentos que a consagraram. A pressão começou a afetar a saúde mental da atleta.
"Fazer algo que sempre fiz a minha vida inteira e não conseguir fazer mais, por tudo o que eu passei, é algo muito maluco porque eu amo muito este esporte... É difícil, peço desculpas. Não acho que as pessoas vão entender a magnitude do que enfrentei, mas por muitos anos precisei enfrentar muitas coisas sem ninguém para ajudar. E tenho orgulho de mim", destacou Biles, emocionada.
Vítima de Larry Nassar, médico da Federação Americana de Ginástica, julgado e condenado por mais de 150 casos de abuso sexual em duas décadas na entidade, Simone Biles chegou a Tóquio com o status de sucessora do nadador Michael Phelps e do velocista Usain Bolt como a grande estrela das Olimpíadas. Foi medalhista de prata por equipes e bronze, na trave. Com o futuro em aberto, ainda não voltou a treinar, mas admite disputar os Jogos de Paris-2024.
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